CRÓNICAS DE UM
PORTUGAL DEMASIADO PORTUGUÊS
MOUSTAFA (e Maria e
Bruno) – PARTE VIII
Já muito vos contei
acerca da minha infância e de como consegui tornar-me neste ícone
de gajo por quem as mulheres suspiram.
Mas nunca vos contei
como pus a vereadora municipal, na altura ainda no início da sua
carreira profissional enquanto política, completamente louca por
mim. Talvez já tenham ouvido falar dela, até porque era amiga da
Rosalina e eu descobri há pouco que também desabafava convosco.
Ai, a Rosalina,
tramou-me bem, mas hoje em dia é das mulheres mais famosas do país.
Até porque criou um site e tudo. Parece que faz strip on-line.
Depois de ter metido o marido em tribunal por ameaças verbais e
agressões físicas - parece que passou a ter a webcam sempre ligada,
primeiro por vício, depois por prazer, e , assim, provas
irrefutáveis - enriqueceu, deixou o direito e dedicou-se àquilo que
lhe dava prazer. De vez em quando faz sessões de sexo em directo,
com um gajo qualquer que já esteve preso, se bem que isso possam ser
só boatos. Quem diria que aquele totó lhe tivesse partido dois
dentes com um soco bem dado?
Adiante que já estou a
divagar. Ora, por ironia do destino foi a Rosalina que me tirou o
emprego que a amiga vereadora, a Graça, me tinha arranjado.
E é essa parte da minha
história que quero contar.
Sabem como conheci a
Graça? É claro que não, não sabeis nada. Bem, a Graça é irmã
da Maria, a minha Maria que anda sempre colada a mim, e ex-namorada
do Bruno que também anda constantemente pregado ao meu corpo. Aliás,
foi muito giro quando começaram a namorar. Estávamos todos no
cinema - éramos adolescentes - a ver um filme com o Al Pacino, que
interpretou o papel de diabo, sentados pela seguinte ordem: Graça,
eu, Maria e Bruno. Foi divertido quando Graça subiu para o meu colo
e o Bruno para o da Maria para se beijarem, foi quase um beijo a
quatro. Até fiquei ligeiramente entusiasmado na altura mas penso que
a Graça não terá dado por isso. O namoro foi curto, durando apenas
meio ano. Ela disse que eu e a Maria não lhes dávamos espaço. Na
altura fiquei ofendido porque eu tinha de dar indicações ao meu
amigo acerca de como reagir com ela. Todavia a Graça não partilhava
da mesma opinião - já devia ter tiques de estrela política não o
sendo ainda.
Portanto, como eu a
conhecia, fui ter com ela assim que terminei o serviço militar.
Disse-lhe que queria um emprego. Ela explicou que tinha 736 pedidos
para 3 vagas, mas depois piscou o olho e espreitou o meu
baixo-ventre. Eu percebi o recado e passado 3 minutos ela comentou
que a Câmara ia meter um jardineiro, um lixeiro e um estafeta. Eu
sorri e expliquei que precisava de um emprego, não de um trabalho. A
Graça suspirou e voltou a fixar o meu baixo-ventre. Passado 3
minutos e meio ligou para um colega.
Felizmente ela era amiga
do chefe dos correios. Por isso arranjou-me um emprego num par de
semanas. Num ápice subi a chefe, porque esse chefe tinha morrido de
ataque cardíaco depois de ter snifado cocaína a mais numa festa e o
seu substituto reformou-se antecipadamente invocando falta de
condições psicológicas para exercer a sua profissão.
Claro que sou um gajo
grato. Pelo que, quando recebi o meu primeiro ordenado enquanto
chefe, ofereci uma bimby à vereadora. Ela disse que não podia
aceitar, que os políticos jamais recebiam o que quer que fosse dos
cidadãos. No entanto explicou que se algo aparecesse junto à porta
de sua casa não podia rejeitar, dizendo que, afinal, perdido e
achado não é roubado nem subornado. Eu acedi e após 1 minutinho -
estava aflito - mandei que a Maria e o Bruno deixassem a maquineta na
entrada da sua mansão.
Também pedi que
partissem a caixa do correio. Não foi por nada em particular. No
entanto odeio que me façam sentir menos homem. Homem que é homem
não dá rapidinhas.
2 comentários:
Já há algum tempo que não passava por aqui, mas constato que as crónicas continuam em forma :)
:) É, Cristina. Não têm parado de se exercitar. Não sei agora se as mande de férias... :D
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