20/06/2013

CRÓNICAS DE UM PORTUGAL DEMASIADO PORTUGUÊS

CRÓNICAS DE UM PORTUGAL DEMASIADO PORTUGUÊS


MOUSTAFA (e Maria e Bruno) – PARTE VIII


Já muito vos contei acerca da minha infância e de como consegui tornar-me neste ícone de gajo por quem as mulheres suspiram.
Mas nunca vos contei como pus a vereadora municipal, na altura ainda no início da sua carreira profissional enquanto política, completamente louca por mim. Talvez já tenham ouvido falar dela, até porque era amiga da Rosalina e eu descobri há pouco que também desabafava convosco.
Ai, a Rosalina, tramou-me bem, mas hoje em dia é das mulheres mais famosas do país. Até porque criou um site e tudo. Parece que faz strip on-line. Depois de ter metido o marido em tribunal por ameaças verbais e agressões físicas - parece que passou a ter a webcam sempre ligada, primeiro por vício, depois por prazer, e , assim, provas irrefutáveis - enriqueceu, deixou o direito e dedicou-se àquilo que lhe dava prazer. De vez em quando faz sessões de sexo em directo, com um gajo qualquer que já esteve preso, se bem que isso possam ser só boatos. Quem diria que aquele totó lhe tivesse partido dois dentes com um soco bem dado?
Adiante que já estou a divagar. Ora, por ironia do destino foi a Rosalina que me tirou o emprego que a amiga vereadora, a Graça, me tinha arranjado.
E é essa parte da minha história que quero contar.
Sabem como conheci a Graça? É claro que não, não sabeis nada. Bem, a Graça é irmã da Maria, a minha Maria que anda sempre colada a mim, e ex-namorada do Bruno que também anda constantemente pregado ao meu corpo. Aliás, foi muito giro quando começaram a namorar. Estávamos todos no cinema - éramos adolescentes - a ver um filme com o Al Pacino, que interpretou o papel de diabo, sentados pela seguinte ordem: Graça, eu, Maria e Bruno. Foi divertido quando Graça subiu para o meu colo e o Bruno para o da Maria para se beijarem, foi quase um beijo a quatro. Até fiquei ligeiramente entusiasmado na altura mas penso que a Graça não terá dado por isso. O namoro foi curto, durando apenas meio ano. Ela disse que eu e a Maria não lhes dávamos espaço. Na altura fiquei ofendido porque eu tinha de dar indicações ao meu amigo acerca de como reagir com ela. Todavia a Graça não partilhava da mesma opinião - já devia ter tiques de estrela política não o sendo ainda.
Portanto, como eu a conhecia, fui ter com ela assim que terminei o serviço militar. Disse-lhe que queria um emprego. Ela explicou que tinha 736 pedidos para 3 vagas, mas depois piscou o olho e espreitou o meu baixo-ventre. Eu percebi o recado e passado 3 minutos ela comentou que a Câmara ia meter um jardineiro, um lixeiro e um estafeta. Eu sorri e expliquei que precisava de um emprego, não de um trabalho. A Graça suspirou e voltou a fixar o meu baixo-ventre. Passado 3 minutos e meio ligou para um colega.
Felizmente ela era amiga do chefe dos correios. Por isso arranjou-me um emprego num par de semanas. Num ápice subi a chefe, porque esse chefe tinha morrido de ataque cardíaco depois de ter snifado cocaína a mais numa festa e o seu substituto reformou-se antecipadamente invocando falta de condições psicológicas para exercer a sua profissão.
Claro que sou um gajo grato. Pelo que, quando recebi o meu primeiro ordenado enquanto chefe, ofereci uma bimby à vereadora. Ela disse que não podia aceitar, que os políticos jamais recebiam o que quer que fosse dos cidadãos. No entanto explicou que se algo aparecesse junto à porta de sua casa não podia rejeitar, dizendo que, afinal, perdido e achado não é roubado nem subornado. Eu acedi e após 1 minutinho - estava aflito - mandei que a Maria e o Bruno deixassem a maquineta na entrada da sua mansão.
Também pedi que partissem a caixa do correio. Não foi por nada em particular. No entanto odeio que me façam sentir menos homem. Homem que é homem não dá rapidinhas.



2 comentários:

Cristina Torrão disse...

Já há algum tempo que não passava por aqui, mas constato que as crónicas continuam em forma :)

Vasco disse...

:) É, Cristina. Não têm parado de se exercitar. Não sei agora se as mande de férias... :D