31/03/2014

A Rapariga-Corvo (As faces de Victoria Bergman - Livro I), de Erik Axl Sund (opinião)




Opinião:
Quando terminei a leitura deste livro fiquei sem palavras, foi como se tivesse levado um murro no estômago, apesar de já ter lido dezenas de thrillers, policiais que roçam o macabro e com intensa carga psicológica, nada nos prepara para esta narrativa A Rapariga-Corvo, é fortíssimo a nível emocional e psicológico, isto porque envolve miúdos e quem é mãe ou pai percebe, e porque os autores não se inibiram de descrever em pormenor os pensamentos e o estado de espírito um assassino na sua plenitude.
Meninos estrangeiros vitimas de crimes hediondos, perturbadores, com contornos bastante violentos, onde houve mutilação, os corpos foram profanados, ocorrem em Estocolmo, e quem fica responsável pelos casos é a agente Jeanette Kihlberg,  uma mulher determinada que se entrega ao trabalho de corpo e alma, colocando a sua vida particular em segundo plano. Começa analisar os locais dos crimes e a procurar supostos criminosos que possam estar envolvidos, mas ao longo da investigação colocam-lhe vários entraves, não consegue avançar tão rápido como desejaria.
Entretanto ouve falar da psicoterapeuta Sofia Zetterlund, que trata pacientes que sofrem de transtorno dissociativo de personalidade, como Samuel Bai um menino-soldado da Serra Leoa e Victoria Bergman, uma mulher que tenta lidar com o seu passado, no fundo pessoas que tem marcas profundas devido ao que lhes aconteceu na infância.
Acabam ambas por trocar impressões e ficarem envolvidas na investigação destes crimes bárbaros, Jeanette tenta perceber através de Sofia quem poderá estar por detrás destes homicídios, e tenta descobrir a identidades destes miúdos desconhecidos que ninguém reclama, uma vez que a psicoterapeuta lida com crianças que são vitimas e com predadores. Mas de inicio Sofia refreia-se, devido ao código de confidencialidade entre paciente e psicoterapeuta, não é correcto da sua parte dar informações, por outro lado a psicoterapeuta vive obcecada com as conversas da sua paciente Victoria, não se consegue desligar da mesma. Somos assim envolvidos por estas personagens.
É impossível não ficar surpreendida com a imaginação dos autores para criar personagens tão disfuncionais que me deixaram abismada.
A dada altura a narrativa dá uma reviravolta que apesar de ter começado a desconfiar, não deixou de me chocar na mesma, mostra-nos que um ser humano pode tornar-se num monstro, depois dele próprio ter sido vitima e sofrido na pele monstruosidades da parte de outros, e é assim que somos levados aos recantos mais obscuros da mente humana, da sua capacidade de resistência e por sua vez aos meandros da sua malvadez.
Um thriller psicológico muito bem escrito, bem estruturado, com capítulos curtos, alternados entre o passado e o presente, que nos envolve logo nas primeiras páginas, uma narrativa tensa, violenta, nua e crua, escrita sem rodeios, e por mais negros que sejam os cenários e os personagens, por muito que se coloque o livro de lado para se respirar, não resistimos a pegar-lhe de novo, queremos desvendar os segredos ocultos em cada página.
Achei arrepiante, intenso, macabro.
Resta-me aguardar pela continuação desta trilogia As Faces de Victoria Bergman, que está a ter tanto êxito entre os amantes de policiais, um livro excelente sem dúvida alguma.


1 comentários:

Anónimo disse...

Quero TANTO ler este livro *.*