13/10/2014

O último adeus de Lí Marta (opinião)






O último adeus de Lí Marta

Um livro onde se retratam três gerações de primogénitas, três mulheres onde a sua força e determinação delineiam o enredo deste romance; Dionora, Luzita e Lídia tangem a sua história de vida no amor que viveram.
A história, baseada em fatos verídicos (e como tal compreende-se os limites impostos pela autora no seu aprofundamento de algumas situações) onde se sente a dureza e a tragédia de outros tempos vividos num interior rural mas sempre com muito amor e compreensão, de tal forma que esse amor e compreensão suavizam e transformam essa ruralidade mais brutal numa paisagem mais idílica.
O livro esbate-se num descolorido quando retrata as suas personagens que de uma forma geral são muito lineares, poucas oscilações são sentidas na pluralidade das personagens... mesmo sendo orientando por uma coordenada muito próxima da verídica, seria muito mais interessante que existisse uma certa intriga e um lado mais obscuro neste manto branco, mas compreende-se os limites da autora. O conflito religioso de Hermínio e Luzita dava para criar uma chama que poderia “aquecer” este amor.
Sente-se o conhecimento profundo da autora nos trilhos que a história decalca, o conhecimento dos locais e dos fatores sócio económicos estão bem estudados e representados neste livro.

A autora com a sua escrita envolve os leitores nas paisagens, belas, de uma região muito característica e espalha pelo livro factos históricos que deliciam as mentes mais atentas. Adorei partes do livro como os preparativos do casamento de Luzita, os telefonemas retardados de meia hora no vai vem casa café, só de imaginar esta situações... a passagem de conhecimento de mãe para filha e a avó que volta a ser mãe pela neta numa repetição interminável de gerações.
Por fim terá Lídia, na realidade não na ficção, entregue a carta, na campa, a António de Cruz Matos?

Resumindo um livro bastante agradável de ler, conta-nos uma história que pode ser vista como um legado de três gerações que definiram, de uma forma alargada, aquilo que é estipulado como o amor maternal.

Um livro de leitura fácil, escrita simples, intimista e muito emocional capaz de gerar, se a autora assim continuar, uma legião de fãs, fiéis, ao seu estilo.

Um agradecimento especial à autora pela sua disponibilidade e “coragem” para estar presente no debate deste livro no CLBB (Clube Leituras Bertrand de Braga), que com a sua simpatia fez que essa tarde fosse diferente e a todos os membros que fazem parte do clube de leitura e que tornam estas tardes muito especiais.
Obrigado Lí.



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