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22/01/2016

17/03/2015

Em Votação (participa)


Que livro gostarias de ler?

(Deixa a tua opinião, pois essa opinião será decisiva na próxima escolha do clube de leitura Bertrand de Braga)

1 - O príncipe da Neblina de Carlos Ruiz Záfon
2 - Clube Dumas de Arturo Perez-Reverte
3 - A Sombra do Vento de Carlos Ruiz Záfon

13/10/2014

O último adeus de Lí Marta (opinião)






O último adeus de Lí Marta

Um livro onde se retratam três gerações de primogénitas, três mulheres onde a sua força e determinação delineiam o enredo deste romance; Dionora, Luzita e Lídia tangem a sua história de vida no amor que viveram.
A história, baseada em fatos verídicos (e como tal compreende-se os limites impostos pela autora no seu aprofundamento de algumas situações) onde se sente a dureza e a tragédia de outros tempos vividos num interior rural mas sempre com muito amor e compreensão, de tal forma que esse amor e compreensão suavizam e transformam essa ruralidade mais brutal numa paisagem mais idílica.
O livro esbate-se num descolorido quando retrata as suas personagens que de uma forma geral são muito lineares, poucas oscilações são sentidas na pluralidade das personagens... mesmo sendo orientando por uma coordenada muito próxima da verídica, seria muito mais interessante que existisse uma certa intriga e um lado mais obscuro neste manto branco, mas compreende-se os limites da autora. O conflito religioso de Hermínio e Luzita dava para criar uma chama que poderia “aquecer” este amor.
Sente-se o conhecimento profundo da autora nos trilhos que a história decalca, o conhecimento dos locais e dos fatores sócio económicos estão bem estudados e representados neste livro.

A autora com a sua escrita envolve os leitores nas paisagens, belas, de uma região muito característica e espalha pelo livro factos históricos que deliciam as mentes mais atentas. Adorei partes do livro como os preparativos do casamento de Luzita, os telefonemas retardados de meia hora no vai vem casa café, só de imaginar esta situações... a passagem de conhecimento de mãe para filha e a avó que volta a ser mãe pela neta numa repetição interminável de gerações.
Por fim terá Lídia, na realidade não na ficção, entregue a carta, na campa, a António de Cruz Matos?

Resumindo um livro bastante agradável de ler, conta-nos uma história que pode ser vista como um legado de três gerações que definiram, de uma forma alargada, aquilo que é estipulado como o amor maternal.

Um livro de leitura fácil, escrita simples, intimista e muito emocional capaz de gerar, se a autora assim continuar, uma legião de fãs, fiéis, ao seu estilo.

Um agradecimento especial à autora pela sua disponibilidade e “coragem” para estar presente no debate deste livro no CLBB (Clube Leituras Bertrand de Braga), que com a sua simpatia fez que essa tarde fosse diferente e a todos os membros que fazem parte do clube de leitura e que tornam estas tardes muito especiais.
Obrigado Lí.



03/06/2014

O Décimo Terceiro Conto (opinião)

"O Décimo Terceiro Conto", de Diane Setterield (Editorial Presença)

Opinião (Ana Nunes):
Já há alguns anos que este livro estava na minha estante, à espera de ser lido. Reeditado recentemente, a minha edição é ainda a primeira, com a capa mais bonita (a dos livros).

O Décimo Terceiro Conto, ao contrário do que o título e a capa possa sugerir, não é um livro sobre livros. É antes um livro sobre uma escritora e a sua verdadeira história, e também de uma leitora, mas não tanto sobre os livros que elas lêem ou que marcaram as suas vidas.

A trama é surpreendente, na medida em que leva o leitor a acreditar numa coisa e depois, de forma muito brilhante, revela que, afinal de contas, não era bem como se esperava. Adorei a reviravolta final e não me senti atraiçoada pela obra. Afinal as pistas estavam lá. Bastava olhar com um pouco de mais atenção.
Contando a história de uma família muito disfuncional, numa casa que se torna, também ela, anormal. Desde o início que sabemos que esta história será uma sucessão de tragédias e, efectivamente, esse é tanto o ponto forte, como o ponto fraco do livro. A autora consegue fazer o leitor sentir mas não há nada de bom no meio, para compensar. Essa falta de felicidade torna a obra muito pesada, em determinados momentos e no geral. Só mesmo no fim temos um vislumbre de possível mudança, mas é tão breve que não chega para quebrar a fatalidade de toda a história.
Só achei duas coisas mal no desfecho: o facto de nunca se descobrir o que aconteceu a Emmeline/Adeline, ou seja, quem sobreviveu; o facto de não haver qualquer razão para a Vida ter abandonado o Ambrose, depois de ter apregoado o quanto o amava e sentia que ele era parte dela.

A nível de personagens, Vida é, sem sombra de dúvida, a alma do livro. Ou não fosse esta a sua história. Por outro lado, Lea é das protagonistas mais aborrecidas que conheci. No início era interessante, com o seu amor por livros, a sua família em cacos, e uma curiosidade nata. No entanto, à medida que o livro ia avançando, ela tornou-se mais e mais repetitiva, mais e mais uma espectadora cuja presença passou a ser quase banal, inconsequente. Não fosse o facto de ela ser o elo com o Ambrose, eu diria que ela se tornou prescindível. E já que falo no Ambrose, aí está outra personagem que me cativou, apesar de achar que merecia mais páginas.
Ainda assim, Vida foi soberba. A sua dor, a sua relutância em contar a verdade. Tudo foi muito bem conseguido, envolvendo o leitor até ele se sentir parte do seu relato.

A prosa da autora é muito rica e detalhada, dando vida a um role de personagens interessantes e a uma mansão que parecia, ela própria, uma personagem. A forma como leva o leitor a crer numa coisa, ignorando todos os sinais de outra coisa, é fascinante. Gostei muito da escrita, tendo marcado várias passagens.
Contudo, achei que podiam ter ligado melhor a história de vida da autora com a sua obra. Fazia mais sentido, tendo em conta o título do livro.

Em suma, O Décimo Terceiro Conto é uma belíssima obra, uma história que merece ser apreciada, devagarinho. Só me arrependo de não o ter lido antes.

02/06/2014

Arroz de Palma (opinião)

"Arroz de Palma", de Francisco Azevedo (Porto Editora)

Opinião (Ana Nunes):
Sendo uma pessoa muito ligada à família, este foi um livro que me tocou bastante. Passado numa outra época, os seus relacionamentos não são menos intensos pela separação do tempo. Se soubessem a quantidade de passagens que marquei com post-its até se riam.

A história não podia ser mais simples e a sinopse diz tudo. É curioso como não existem grandes reviravoltas na história desta família. Existem alguns momentos marcantes, mas não é daqueles enredos cheios de cenas com impacto. Simplesmente é a história de uma família e de como as pessoas mudam ao longo do tempo, como se separam, se zangam pelas coisas mais ridículas, fazem as pazes com uma facilidade arrepiante, e se juntam nos momentos de dor, mais depressa que nos momentos de alegria. Triste? Nem por isso! É a vida e esta família é suficientemente interessante, suficientemente humana para que até os momentos de tristeza sejam familiares para o leitor.
Confesso que não gostei, nem entendi, certas escolhas que o autor fez para a história e as suas personagens. Nomeadamente o facto de o António trair a mulher, numa noite, sem razão nenhuma, nem qualquer antecedente que levasse a justificar tal coisa. Isto irritou-me, confesso. Outra coisa que não entendi totalmente foi o facto de ser referido que, para o funeral da Tia Palma todos compareceram, mas para o funeral dos Pais não. A sério? Os pais! Todos que lêem o livro sabem que a Tia Palma é o pilar da família mas os pais foram bons para os filhos e não havia razão para eles não comparecerem todos à cerimónia. Enfim, eu isso não compreendi.

Em termos de personagens, confesso que não amei nenhuma, à excepção da Tia Palma (Já era de esperar, não), mas também não odiei nenhuma. Consegui foi relacionar-me com todas. Impressionante!
Simplesmente há algo de muito humano nestas pessoas, nesta família, e é fácil entrar neste 'prato'.

A escrita do autor é muito bela. Não me aborreceu nunca e, como já referi, foram dezenas as passagens que eu marquei ao longo do livro. Frases belíssimas que sussurraram ao meu íntimo e fizeram eco na minha consciência.No entanto também notei algumas frases mal conseguidas, que queriam ser poéticas mas acabaram por ser inconvenientes. Foram poucas, felizmente. Também não apreciei a descrição pormenorizada dos encontros sexuais do António. O primeiro, com a Isabel, fazia sentido, mas todos os outros, coma  Isabel, foram 'palha' e nada mais.

Em suma, Arroz de Palma não é um livro perfeito mas é um belo livro, que merece ser saboreado devagarinho e, acredito que, todos os que valorizam a família conseguirão apreciar.

30/01/2014

Náusea - Jean-Paul Sartre (opinião)




"Náusea", de Jean-Paul Sartre (Edições Europa-América)
Opinião (Ana Nunes):
Normalmente gosto muito de ler clássicos, quer acabe por os apreciar, quer não, porque são sempre livros intemporais.
Náusea é isso mesmo: um livro que não envelhece. essa foi uma das coisas que mais me agradou neste romance/ensaio, pois esta história e estas deambulações poderiam acontecer em qualquer lugar e em qualquer momento da história. São temas universais: os que têm a ver connosco, com a nossa existência, enquanto pessoas, enquanto seres.

A primeira parte do livro manteve-me agarrada às páginas e queria mesmo saber o que se ia passar a seguir, no entanto a partir do meio o livro começou a divagar demasiado e tornou-se maçudo, até mesmo aborrecido em certos momentos.
Acho que o principal problema acaba por ser que há demasiado filosofia, o que era de esperar, no final de contas, mas já que se trata de um suposto romance, eu gostaria que tivesse encontrado um melhor equilíbrio.
O autor também criou diálogos demasiado surreais, que tentavam passar-se por normais mas que dificilmente o poderiam ser.

Por estas razões foi-me um pouco difícil terminar esta leitura, apesar de ver na obra muitas qualidades e de ter vários trechos assinalados como brilhantes. por isso mesmo o balanço final acaba por ser positivo. Esta é uma leitura que me fez pensar e isso é sempre bom.

Resumindo, Náusea trata-se de um livro que vale a pena ler, embora não em atreva a aconselhá-lo a toda a gente.

29/01/2014

A Conspiração dos Fidalgos (opinião)


"A Conspiração dos Fidalgos", Alexandre Rocha (Ésquilo)

Opinião (Ana Nunes):
Escrever uma opinião sobre este romance é uma tarefa um pouco difícil, já que o li em duas partes, com um intervalo bastante grande pelo meio, Mas vou tentar ser o mais objectiva possível.
"A Conspiração dos Fidalgos" foi sugerido como leitura para o Clube de Leitura de Braga, pelo próprio autor que esteve presente no dia da discussão, juntamente com os membros do clube.
Não é segredo nenhum que o romance histórico está longe de ser o meu género literário favorito, mas como gosto sempre de experimentar novos terrenos, foi com curiosidade que iniciei esta leitura.

O livro, por si só, está praticamente dividido em duas partes, uma no Brasil, e outra em Portugal. As duas têm tons narrativos bastante distintos, que acompanham, de certa forma, a evolução da personagem e, claro, as diferenças sociais e culturais de cada local.
O que mais gostei na primeira parte foi da descrição da vida na fazenda e depois, na segunda parte, o contraste com a vida na corte. No entanto achei a primeira parte um pouco fantasiosa demais, especialmente quando o protagonista ficou preso numa ilha. Toda a situação me fez lembrar o "Vida de Pi" e falhou em ser tão profundo quanto este. Também não apreciei o facto de o autor, deliberadamente, nos esconder acontecimentos que mais tarde foram revelados do nada, e que, segundo a narrativa, deveriam ter sido mostrados anteriormente (*spoiler* refiro-me ao facto de o protagonista ter trazido uma fortuna imensa da ilha; muito conveniente *fim de spoiler*).
Outra coisa que me incomodou na primeira parte foi o desfecho do romance. Aquele desenlace surgiu do nada. pois nada fazia prever que a rapariga fosse fazer algo semelhante ao protagonista. Felizmente na segunda parte isto foi resolvido (*spoiler* com outro interesse amoroso *fim de spoiler*) mas ainda assim ficou o amargo do antigo romance cujo término não me convenceu.
Por outro lado gostei muito de como o autor retratou a família e o relacionamento familiar do protagonista.

Passando à segunda parte, já em território português, a história tornou-se mais dinâmica mas também um pouco mais sombria, mais cheia de intrigas, como convinha à vida na corte. Aqui o romance foi muito melhor conseguido e a história fluiu bem, apesar de em momentos os acontecimentos serem muito convenientes, Gostei da visão do autor sobre a Conspiração. Só me fez um pouco de confusão a quantidade de personagens que surgiram e que acabaram por se atropelar, já que não havia possibilidade de dar protagonismo a todas.
Só não achei muito credível a forma como o protagonista falava com os monarcas, como se fossem amigos. Parece-me um pouco fantasioso demais, mesmo depois de toda a Conspiração ter acontecido.
O fim dado à família do protagonista foi bem conseguido e até inesperado, o que acabou por ser bom para a trama. Já a cena da vingança me pareceu excessivamente longa e preenchida de personagens e acontecimentos sem grande relevância.

Do que não gostei menos neste livro, foi da situação das 'vidas passadas' e 'vidas futuras'. Achei toda a trama irrelevante, inconsequente e sem grande interesse. A história teria tido o mesmo (ou ainda mais) impacto sem a história paralela no tempo presente. Afinal de contas o leitor, a determinada altura, já nem se recordava que existia essa 'vida paralela'.

A prosa do autor é bastante atractiva e as suas descrições, na maioria das vezes, não são exageradas, dando vida aos locais e situações. No entanto tem um tom um pouco romântico de mais para o meu gosto e perdia-se demasiado com filosofias, em situações que as faziam soar forçadas.  Também achei que certos diálogos soavam demasiado modernos, com palavras que não se encaixavam no tempo, e atitudes pouco convencionais.
Tenho é de deixar uma nota de apreço pelo facto de o texto do autor ser português de Portugal. Não tenho nada contra o português do Brasil, mas foi uma surpresa agradável ler assim e ver todas as palavras pouco conhecidas explicadas em pequenas notas de rodapé (serei eu a única a gostar de notas de rodapé, quando estas auxiliam o texto?).

Resumindo, este livro foi uma leitura interessante e onde se vê a paixão do autor pelo romance histórico; onde é possível visitar um Brasil ainda colonial, e um Portugal ainda governado pela monarquia, de forma corriqueira e sem grandes pretensões. Não foi um livro excepcional, mas satisfez-me, e teve cenas marcantes, com personagens interessantes.

31/05/2013

30/04/2013

02/04/2013

12 meses, 12 leituras no Clube de Leitura Bertrand de Braga

Próximo sábado (6 de abril) comemoraremos um ano de leituras, o livro eleito para esta celebração foi "O Filho de Mil Homens" de valter hugo mãe. 
Ficam convidados a partilharem as vossas opiniões para tal é só aparecerem.


Aqui fica o historial do clube:

1 21 de abril 2012                     O Heróico Major Fangueira Fagundes de Luís Novais
2 05 de maio 2012                    A Fenda de Doris Lessing
3 2 de junho de 2012                Os Malaquias de Andréa del Fuego
4 7 de juljo 2012                        O teu Rosto Será o Último de João Ricardo Pedro
5 02 setembro de 2012           Grandes Esperanças de Charles Dickens
6 06 outubro de 2012              A Rapariga que Roubava Livros de Markus Zusak
7 03 novembro de 2012         A ilha de Caribou de David Vann
8 01 de dezembro 2012          1984 de Geroge Orwell
9 05 de janeiro de 2013         Os Transparentes de Ondjaki
10 02 de fevereiro de 2013     Jesus Cristo Bebia Cerveja de Afonso Cruz
11 02 março de 2013               A Conspiração dos Fidalgos de Alexandre Rocha
12 06 abril de 2013                    Filho de Mil Homens de valter hugo mãe

26/02/2013

Clube de Leitura Bertrand de Braga - 11º Encontro

...uma sessão diferente.

O décimo primeiro encontro será já no próximo sábado, 2 de março, pelas 15h00m no sitio habitual a Bertrand de Braga na Avenida da Liberdade Street Fashion, loja n.º 8, o livro a ser discutido é "A Conspiração dos Fidalgos" de Alexandre Rocha.

O autor estará presente e no final (16h30m) teremos uma sessão de autógrafos.

04/12/2012

27/11/2012

Clube de Leitura Bertrand de Braga - 8º Encontro

Neste oitavo encontro que se realizará no próximo sábado, 01 de dezembro pelas 15h00, na Bertrand de Braga na Avenida da Liberdade Street Fashion, loja n.º 8, o livro a ser debatido é, o grande:
"1984" de George Orwell.
Fica feito o convite... apareçam, ainda este ano ;)

13/11/2012

Comentários leitura conjunta "A Ilha de Caribou" de David Vann


A Ilha de Caribou

de David Vann
Edição/reimpressão: 2012
Páginas: 305
Editor: Ahab
ISBN: 9789899722859



Fica aqui o desafio de comentarem as nossas opiniões.



Manuel Cardoso
A Ilha de Caribou, para quem lê o livro sem conhecimento prévio do contexto literário ou do enredo, parece, às primeiras páginas, um tradicional livro de aventuras, numa paisagem mais ou menos idílica onde um casal decide aproveitar a aposentação para tentar remendar um casamento que perdera há muito o seu encanto. No entanto, à medida que o enredo avança, depressa nos apercebemos que o idílio é apenas aparente. Irene vira a sua mãe pela última vez quando, ainda criança, deparara com o seu cadáver pendurado numa trave. O suicídio da mãe dá o tom para o destino trágico da maioria das personagens.

Sim, é um livro negro. O pessimismo do autor perante a vida humana, perante o destino individual torna-se nítido. A paisagem idílica vai sendo substituída por toda a aridez do Alasca, que vai invadindo a alma dos personagens e de quem lê.

As imensas e intensas descrições com que o autor nos presenteia constituem o aspeto menos positivo do livro; muitas delas absolutamente desnecessárias e enfáticas conduzem a uma certa saturação, contrastando com a deficiente caraterização física e psicológica dos personagens; pelo contrário, o estilo e a linguagem do autor são excelentes, reforçados por uma excelente tradução.

Não é um livro empolgante nem sequer é um livro que surpreenda. Mas é um livro inovador em alguns aspetos: há um crescendo de emoção que culmina com um desfecho trágico mas plausível e há uma abordagem interessante da alma humana; tudo se passa como se o destino comandasse as vidas; como se a vontade individual estivesse sempre condenada. Todos os sonhos dos personagens estão condenados sem remissão. Nada há a fazer perante o devir.

Em suma, é um livro cinzento no conteúdo mas agradável na forma. Houve quem o comparasse ao livro A Estrada, de Cormac McCarthy. Com alguma razão; se A Estrada nos fala do destino negro da humanidade, A Ilha de Caribou apresenta-nos o destino negro do ser individual.


Ana Nunes
Este foi um daqueles livros que me agarrou desde a primeira página. A escrita do autor cativou-me de imediato e mesmo quando comecei a achar que as descrições eram exaustivas demais, as palavras mantiveram-me agarrada ao livro. 
A história deste livro gira em torno de uma família, como tantas outras. Apesar de as personagens serem o extremo daquilo a que uma pessoa pode chegar (este livro é feito de extremos, afinal), acredito que quase todos reconheçam em algumas personagens (ou mesmo em todas) algo familiar, algo real, talvez até pessoal.
Além da família, que é o foco central, temos outras personagens que aparecem, por vezes, apenas com o intuito de desestabilizar ou alterar ainda mais o seio da família, muitas vezes sem que eles próprios se apercebam disso.

A nível de personagens, tenho a confessar que as achei quase todas muito bem exploradas, embora em certos casos tivesse gostado de saber mais. no entanto é uma daquelas histórias em que é quase impossível simpatizar com quem quer que seja. Todas, sem excepção, são imperfeitas, mas de tal forma, que sentimos que não podemos mesmo sentir empatia com eles. Não que não pareçam reais (porque parecem, apesar de ser um real exagerado), mas porque são tão imperfeitas que parece que não há nenhuma ponta por onde se lhes pegue. e quando acontece de vermos algo a que nos agarrara, logo algo bem pior aparece e lá se vai a empatia.
No entanto, acredito que foi também isso que me vez ter vontade de saber o que aconteceria a esta gente e, embora o final seja previsível a partir do meio do livro, confesso que esperei que não se concretizasse. Não que o desfecho seja satisfatório, apenas é tão ... deprimente, que o livro inteiro parece um balde de água gelada.

A prosa do escritor (tendo em conta que li no original, inglês) é belíssima. Rica em descrições e focada. No entanto o autor perde-se em devaneios, por vezes, e com isso acaba por perder alguns leitores (quase me perdeu, ali mais para o fim). Algo que achei verdadeiramente curioso, é o facto de nunca o autor nos dar descrições físicas das personagens, como cor de cabelo, olhos, estatura, etc.

No geral, foi um livro que me agradou imenso ler, em cujas páginas me perdi e que me tocou de várias formas. Apesar de não me ter agradado o final, sei também que era o único possível, ou pelo menos aquele para que toda a narrativa apontava.
Fica a vontade de ler a sequela (não oficial, ao que parece) "A Ilha de Sukkwan". 




Ângelo Marques

"Assim, ela nunca fora real para ele, apenas uma ideia." Pág. 156

Irene e Gary um casal de reformados a viver na aridez do Alasca, Gary irá investir o resto do seu tempo, e levará Irene consigo, num sonho seu, num empreendimento pessoal, os dois iram construir uma cabana numa ilha desabitada, na ilha de Caribou no Alasca, um projecto na vida de Gary. O isolamento, o realismo imposto nos sentimentos nas situações são do melhor que se encontra por ai, no mercado. 
Irene irá entrar numa em espiral, ela o vórtice desse furacão arrastará consigo a quem dela se aproximar.
Rhoda filha de Irene tudo fará para ajudar sua mãe, mas sem o suporte de JIm, seu namorado, encontrará no irmão Mark o refúgio para levar a cabo os seus intentos.

Descrições demoradas, coisa que gosto, mas David Vann levou estas descrições ao extremo tornando o livro muito pesado, chato mesmo, por isto e por esperar mais por parte do autor fiquei desiludido.
Neste livro David Vann conta-nos a história antecedente ao seu primeiro livro "A ilha de Sukwan", coloca o leitor num melhor entendimento dos seus livros de uma forma inversa (obrigado à Andreia F. por me despertar para este indicio). 

Gosto de como ele esconde as características das personagens, delas sabemos os seus nomes e pouco mais, é contra natura mas fica bem enquadrado no estilo literário.