Opinião:
Embora as personagens deste
livro sejam fictícias (assim como a localidade Grace County), o Programa de
Eugenia não o foi, existiu entre 1929 até 1975, na Carolina do Norte, o programa
tinha como alvo um grupo muito especifico de pessoas.
Decorre o ano de 1960, na
zona rural de Grace County, Ivy Hart tem apenas 15 anos, tem epilepsia, cuida
da avó debilitada, da irmã mais velha que sofre de uma doença mental, e do
sobrinho, trata da casa, trabalha nos campos de tabaco e frequenta a escola.
Jane Forrester, formada, acabou
de se casar com um médico, e contra a vontade do marido e a apesar de não
precisar, quer trabalhar como assistente social, ajudar pessoas, é uma
idealista, nem sonha com o que se vai confrontar quando visita pela primeira
vez pessoas necessitadas na zona rural de Grace County, quer brancos, quer
negros.
Jane vê-se confrontada
com uma realidade dura como nunca tinha visto, entra num mundo de pobreza do
qual não fica indiferente, incapaz de distanciar-se, embrenha-se nos problemas
destas famílias necessitadas, vê-os como são, seres humanos com sentimentos, sonhos e necessidades. E
ao envolver-se emocionalmente com essas pessoas descobre segredos obscuros que
colocam a sua ética moral em causa, e num dilema, será que as
pessoas têm o direito de saber o que o estado lhes faz? será que deve contar a verdade? como é que sabe se está certa
naquilo que acredita quando todos lhe dizem que está errada? A verdade é que sua
vida nunca mais será a mesma depois de se envolver.
Narrado a duas vozes, através de capítulos intercalados, por duas
personagens que são o oposto uma da outra na sociedade, Jane e Ivy, ambas levam-nos por uma história extremamente comovente, sabemos que as personagens
são ficcionais, mas a história é baseada em facto reais, o programa Eugenia existiu,
e é arrepiante precisamente por isso, saber o que faziam às pessoas sem o
consentimento das mesmas, desde que reunissem as condições sócio-económica,
raça, sexo, ética e doença mental, necessárias.
Esta autora é uma excelente
contadora de histórias, gosto da forma como escreve, pois envolve-nos
emocionalmente na vida dos personagens, houve alturas e partes do livro que
ficava a pensar se não seria melhor omitir a verdade às pessoas do que
revelá-la tal era o impacto das consequências. Foi uma leitura intensa e
emocionante, é impossível ficar
indiferente a esta narrativa, que aborda questões morais de
um período negro da história da América, um livro que nos deixa a pensar, recomendo sem dúvida alguma.
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