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10/03/2017

A Derradeira Ilusão, de Diane Chamberlain



Opinião:
Gosto das histórias que esta autora constrói em torno de temáticas polémicas, e para não fugir à regra neste livro A Derradeira Ilusão, mais uma vez aborda temas fortes, como a adopção, uma doença degenerativa e eutanásia.
Este livro leva-nos entre o presente e o passado da protagonista, que nos vai revelando segredos que guardou dentro de si por longos anos. Molly na actualidade, tenta com o marido a adopção de uma criança, mas é precisamente esse processo de adopção que vai desencadear um misto de incertezas e inseguranças, lembranças que ela tentou manter afastadas durante vinte anos, ela tinha enterrado o seu passado, escondendo-o até do próprio marido, mas este volta apara a assombrar, e se forem revelados certos segredos podem comprometer tudo.
Somos por isso transportados ao passado de Molly, uma adolescente, com 14 anos, tão cheia de vida, rodeada de pessoas ricas em sentimentos que a fizeram muito feliz, em especial o pai, o vinculo estreito entre os dois ajudou-a a crescer e a aprender, é fácil sentirmos empatia por um leque de personagens que nos cativam desde o inicio,  pois temos personagens bastantes ricos, são eles que vão fazer com que esse verão fique gravado na memória de Molly, mas também será esse o ano que muda a sua vida para sempre, é por isso que a parte do passado da protagonista foi o que me agradou mais.
A autora conseguiu manter-me muito curiosa ao longo do livro, fui-me interrogando do porque de Molly esconder o seu passado e sobre o que seria verdade ou mentira, e dos segredos ocultos que não queria revelar, a história vai-se desenrolando até se perceber o porque do medo de Molly sobre adopção na actualidade, pois ela fugiu de tudo o que a ligava ao passado, mas este persegue-a no presente, será que ela estava assim tão certa ao fugir de tudo e de todos?
Sem dúvida que sou fã desta autora, gosto da sua escrita fluída sem floreados, e neste livro brinda-nos mais uma vez com uma leitura que facilmente nos envolve, com os personagens, com o enredo sobre família, o amor e a perda, mas também sobre as consequências que mentiras e segredos podem desencadear, tudo isso desperta a curiosidade do leitor, que anseia que todas as revelações venham finalmente ao de cima. Recomendo.


15/05/2016

Vidas Esquecidas, de Diane Chamberlain



Opinião:
Embora as personagens deste livro sejam fictícias (assim como a localidade Grace County), o Programa de Eugenia não o foi, existiu entre 1929 até 1975, na Carolina do Norte, o programa tinha como alvo um grupo muito especifico de pessoas.
Decorre o ano de 1960, na zona rural de Grace County, Ivy Hart tem apenas 15 anos, tem epilepsia, cuida da avó debilitada, da irmã mais velha que sofre de uma doença mental, e do sobrinho, trata da casa, trabalha nos campos de tabaco e frequenta a escola.
Jane Forrester, formada, acabou de se casar com um médico, e contra a vontade do marido e a apesar de não precisar, quer trabalhar como assistente social, ajudar pessoas, é uma idealista, nem sonha com o que se vai confrontar quando visita pela primeira vez pessoas necessitadas na zona rural de Grace County, quer brancos, quer negros.
Jane vê-se confrontada com uma realidade dura como nunca tinha visto, entra num mundo de pobreza do qual não fica indiferente, incapaz de distanciar-se, embrenha-se nos problemas destas famílias necessitadas, vê-os como são, seres humanos com sentimentos, sonhos e necessidades. E ao envolver-se emocionalmente com essas pessoas descobre segredos obscuros que colocam a sua ética moral em causa, e num dilema, será que as pessoas têm o direito de saber o que o estado lhes faz? será que deve contar a verdade? como é que sabe se está certa naquilo que acredita quando todos lhe dizem que está errada? A verdade é que sua vida nunca mais será a mesma depois de se envolver.
Narrado a duas vozes, através de capítulos intercalados, por duas personagens que são o oposto uma da outra na sociedade, Jane e Ivy, ambas levam-nos por uma história extremamente comovente, sabemos que as personagens são ficcionais, mas a história é baseada em facto reais, o programa Eugenia existiu, e é arrepiante precisamente por isso, saber o que faziam às pessoas sem o consentimento das mesmas, desde que reunissem as condições sócio-económica, raça, sexo, ética e doença mental, necessárias.
Esta autora é uma excelente contadora de histórias, gosto da forma como escreve, pois envolve-nos emocionalmente na vida dos personagens, houve alturas e partes do livro que ficava a pensar se não seria melhor omitir a verdade às pessoas do que revelá-la tal era o impacto das consequências. Foi uma leitura intensa e emocionante, é impossível ficar indiferente a esta narrativa, que aborda questões morais de um período negro da história da América, um livro que nos deixa a pensar, recomendo sem dúvida alguma.