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26/02/2018

Sonata em Auschwitz, de Luize Valente



Opinião:
Li Uma Praça em Antuérpia, desta autora, gostei imenso, por isso não podia deixar de ler Sonata em Auschwitz, pela razão mencionada, mas, também porque gosto de ler sobre o tema do Holocausto.
Trata-se de uma história de sobrevivência em Auschwitz, diferente, pelo menos para mim, de todos os livros que li sobre este tema. A autora prende logo de inicio a nossa atenção com o facto de um comandante nazi levar no carro um recém-nascido, uma menina, a forma misteriosa como é levada e a música especial que é composta para ela no momento, trauteada, que a acalma, torna-se um mistério que vai sendo desvendado lentamente ao longo do livro, de uma forma muito bem construída.
Passados muitos anos, Amália, neta deste comandante, que vive em Portugal, casualmente ouve uma conversa do pai, a sua curiosidade fica de tal forma aguçada, que procura saber mais sobre um passado longínquo que desconhece sobre os seus avós e sobre a família alemã. Por isso empreende uma viagem até à Alemanha e mais tarde ao Brasil, numa procura incessante da verdade e do que aconteceu ao seu avô e a esta bebé, faz com que fiquemos agarrados ao livro, vai desvendando este mistério, um puzzle que vai sendo completado lentamente.
Somos envolvidos na história de duas famílias distintas, entre o passado e o presente, mas também sobre a histórica dos judeus romenos e húngaros, que viram de repente a ascensão do nazismo roubarem tudo o que tinham, ficarem sem nada, até mesmo a roupa do corpo, tudo lhes é tirado, mas em especial toda a dignidade. Tanto ódio por outros seres humanos, mexe com as nossas emoções, é impossível ficar indiferente, sabemos que é uma obra fictícia, mas que podia ser a história de qualquer judeu, pois nota-se que a autora fez pesquisa sobre a II Guerra Mundial e sobre o Holocausto, é por isso que transporta-nos para dentro do livro, através de certas personagens complexas, mas tão humanas que nos tocam, nos fazem ter esperança, é que no meio de tanta desumanidade existia sempre alguém que se destacava pela bondade. 
Confesso que de inicio perdi um pouco o fio à meada em relação às personagens, pois existe um espaço temporal ainda significativo, e também porque são duas famílias, a família de judeus e a família de nazis, o que fez com que por vezes tivesse que voltar atrás para perceber quem era quem, mas tirando isso, só posso dizer que é um livro tocante e bem escrito.
Apesar de ter lido muitos livros sobre o Holocausto continuo a ficar surpreendida, abismada com as atrocidades cometidas neste período negro da história da humanidade. Mais um livro que gostei muito desta autora.

02/11/2015

Uma Praça em Antuérpia, de Luize Valente (opinião)



Opinião:
Não há nada melhor quando se pega num livro e se lê de um fôlego, quando não somos capazes de parar de ler, quer pela história, quer pelos personagens que se agarram a nós.
Uma Praça em Antuérpia leva-nos a viajar através de uma história extraordinária sobre duas irmãs gémeas, separadas pela guerra que presenciaram e que sentiram na pele os seus efeitos devastadores, que levou à morte milhões de pessoas, em especial judeus.
A narração é feita através da voz de uma das personagens, Olívia, octogenáriana, reside no Brasil, inicio do ano 2000, quando resolve abrir o seu coração e revelar segredos guardados durante mais de sessenta anos à sua neta Tita, o que vai despoletar uma miscelânea de sentimentos no leitor, e aos quais é impossível ficar indiferente.
Através de capítulos curtos, entre o presente e o passado, leva-nos à Segunda Guerra Mundial, a um passado distante que encobriu durante décadas, as memórias de tudo o que aconteceu e daquilo que passou vão fluir de uma forma natural até ao momento que teve de fugir para o Brasil.
Enquanto Olívia se casou com um português, e ficou a morar em Lisboa, Clarice a sua irmã gémea casou com um alemão judeu, viveram um período de tempo felizes na cidade da Antuérpia, até a guerra os obrigar a fugir. E é essa batalha travada por Clarice e do marido com o filho de ambos, a fugir dos horrores da guerra que a autora soube tão bem retratar de forma eximia e talentosa.
Cheio de detalhes, vê-se que a autora teve a preocupação de fazer uma pesquisa histórica apurada, pois sentimos e visualizamos o que o nazismo fez a milhares de famílias judias obrigando-as a fugir para outros países e a viver clandestinamente.
Mas é mais do que uma história de sobrevivência, de amor, de coragem, é também de perdas, de encontros, mas em especial de desencontros e de decisões tomadas que mudaram para sempre o percurso de certas personagens.
É impossível ficar indiferente a este romance histórico magnifico, emocionante, quer pelo tema abordado, quer pelo enredo que se torna intenso à medida que avançamos na leitura, os segredos guardados, as revelações feitas são tão surpreendentes que nos deixam de queixo caído, e o facto de queremos saber mais sobre o que aconteceu às personagens torna-o numa leitura compulsiva. 
Toda a história já por si é magnifica, mas nada nos prepara para o culminar de um final inesperado, e tão arrebatador, não há melhor palavra para o descrever. Uma Praça em Antuérpia é um livro excelente.

Pode ler sobre o livro aqui