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01/02/2014

O Legado de Eros - antologia (opinião)


"O Legado de Eros", antologia com contos de Carina Portugal, Carlos Silva, Inês Montenegro, Pedro Cipriano, Sara Farinha e Vitor Frazão (ebook grátis)

Opinião (Ana Nunes):
Na sequência do excelente trabalho que o grupo Fantasy & Co tem vindo a fazer,  surge mais uma antologia, que reúne contos de vários autores residentes do projecto. Como é habitual em colectâneas, alguns contos são melhores que outros, mas no geral posso dizer que gostei e que, definitivamente, há romance nestas páginas, e algum erotismo também, se bem que não muito.
Ficam então as apreciações individuais e no fim revelo os favoritos.

"A Presa e o Caçador", de Inês Montenegro
Neste conto a autora parece sair um pouco da sua zona de conforto. A ideia em si é bastante boa e a reviravolta final foi muito bem conseguida, no entanto a escrita romântica/erótica mostra-se crua e insípida, sem qualquer laivo de emoção, já para não falar que a mitologia envolvida não foi bem conseguida. Não fui capaz de me ligar com as personagens, ou de apreciar o que elas sentiam e os que as motivava.

"Rumo a Casa", de Sara Farinha
Uma história emotiva e com um final que marca, que consegue explorar uma das personagens sem necessidade de grandes artefactos. Contudo negligenciou a personagem feminina, o que se fez sentir no texto e deixou uma lacuna indesejável. No geral gostei mas queria algo mais.

"Carta para os Cosmos", de Carlos Silva
Bom conceito, apesar de não ser original, mas com diálogos um pouco fracos e algo lamechas, que peca por um final algo fácil, se bem que adequado. Não é que tenha desgostado, mas não é um trabalho que me fique na memória.

"Amor-Perfeito", de Vitor Frazão
Excelente texto, com bons diálogos, personagens que se gravam na memória do leitor e uma escrita muito coerente. O autor consegue sempre criar personagens marcantes e este conto não é excepção. Só não gostei particularmente da parte final, em que os diálogos tomaram demasiado protagonismo e houve uma lacuna temporal que eu senti que deveria ter sido preenchida. Fora isso, mais um excelente conto do Vitor Frazão.

"A Primavera", de Pedro Cipriano
Para esta história tenho uma opinião dividida. Se por um lado acho que o autor conseguiu retratar bem as personagens e as suas vidas, por outro acho que a ideia já está muito batida e não fiquei fã de algumas transições de acção. Por outro lado não entendo como o autor pode dizer que esta história se passa depois de 2019, quando na verdade em nada difere de um relato que se poderia ter passado na 1ª ou 2ª Guerra Mundial, num conto em que nada indica que estamos no futuro. Bem pelo contrário! E aí também reside uma incoerência, pois este é o único conto da antologia que não tem nada de ficção científica ou fantasia. Pelo menos não que eu tenha percebido.
Fora isso, como já disse, gostei de como está escrito e explorado, mas não trouxe nada de novo.
 
"Sementes de Fada", de Carina Portugal
Belíssimo conto, com muito boas personagens, uma mitologia bem explorada e cenas muito convincentes. Adorei esta pequena história, embora o fim não me tenha convencido completamente. A escrita da autora está excelente e conseguiu dar vida ás personagens, que acabaram por ser o melhor do conto.

E os meus contos favoritos são: "Amor-Perfeito" do Vitor Frazão, e "Sementes de Fada", da Carina Portugal.
Podem ler esta antologia, gratuitamente, AQUI.

30/01/2014

Tecendo Nós - antologia (opinião)


"Tecendo Nós", antologia organizada por Ana Costa, Cristina Delgado e Renata Silva; com contos de Ana C. Nunes, Andreia Silva, Carla Ribeiro, Carlos Silva, Érica Bombardi, Fernando Évora, Manuel Alves, Pedro Pinto, Olinda P. Gil e Victor Eustáquio (ebook)

Opinião (Ana Nunes):
Tratando-se de uma antologia vou primeiro comentar o contos, um a um, e no fim darei uma opinião mais generalizada.

"Lili", de Manuel Alves
Lili é um conto que se pode dizer infantil mas que consegue cativar também os adultos.
Confesso que a princípio não me agarrou, mas à medida que a história se desenrolava, o interesse foi crescendo e acabou por ser uma boa experiência, relembrando-me da infância e do ilimitado poder da imaginação das crianças.
Gostei muito da Lili, do Homem Que Muda e do Mão Que Puxa. Todas personagens bem conseguidas e que não me importaria de revisitar.
Confesso que o final não me satisfez por completo, por ser muito 'bonzinho', mas no geral o conto está muito bem escrito e usa temáticas que nunca ficam velhas. Vale a pena ler!

"Vivo, Morto X", de Érica Bombardi
Neste conto a prosa funcionou bem e o protagonista também, mas a trama não me convenceu, apesar de ter achado a intriga envolvente, simplesmente senti que faltava mais pano de fundo, mais informação sobre o que os levara àquela situação. Havendo dito isto, esta foi uma história que me manteve agarrada ao kindle do início ao fim.

"Sede de Ser", de Victor Eustáquio
As descrições contidas neste conto são bastante vivas e evocam sentimentos e emoções fortes no leitor; o autor tem jeito com as palavras. No entanto o desfecho deixou algo a desejar.

"Uma Demanda de Bertolameu, Frei de Portugal", de Fernando Évora
Gostei deste conto e da forma como está escrito. Apesar de longo, nunca chegou a aborrecer. A prosa é limpa e evoca bem as situações, personagens e emoções, no entanto acabou por se arrastar demasiado tempo e o final pecou pela falta de detalhe e de uma verdadeira resolução.

"Por Detrás de uma Leitura", de Olinda P. Gil
Com um conceito interessante, cuja reviravolta se mostrou imprevista, confesso que ainda assim o tom narrativo não me manteve ligada à história. Existiu um distanciamento que não consegui ultrapassar e que fez com que o conto não me ficasse muito tempo na memória.

"Uma Miragem na Chuva", de Ana C. Nunes
Sendo eu a autora, abstenho-me de comentar, mas agradeço a vossa opinião, se o lerem. :)

"Ensina-me a Amar", de Pedro Pinto
Esta é uma história romântica que, a meu ver, foi a que menos se enquadrou no tema da antologia (realidade vs imaginação). Não que isso tenha sido razão suficiente para prejudicar o conto.
A história em si tem potencial e as personagens são interessantes mas, a forma como o autor se arrastou na descrição da vida das personagens, das situações que elas viveram, na intensidade de um suposto amor que não atravessou a barreira das palavras até ao leitor. Infelizmente este conto não me produziu qualquer faísca em mim, apesar de simpatizar com as personagens, achei que a história, que era tão simples, foi esmiuçada até à exaustão, e por isso perdeu o seu brilho.

"As Últimas Horas do Rei Cego", de Carla Ribeiro
Um conto que peca apenas por ser demasiado curto. Não houve tempo para uma ligação mais profunda com o protagonista, mas foi o suficiente para que se percebesse a sua situação. Gostei da claustrofobia incutida no texto, e da ideia.

"Conversas Sobre Carris", de Andreia Silva
Este conto tem um conceito muito interessante e é emocionante visitar a mente do protagonista, especialmente quando chega o final, no entanto a prosa pareceu-me algo pesada para o tema e não funcionou a seu favor.

"Problemas que Não Existem", de Carlos Silva
Um tema muito imaginativo, que me relembrou um pouco do Lili (do Manuel Alves) mas que acabou por não ter o mesmo impacto. Apesar de o conceito ser bastante refrescante e ter gostado de alguns trechos, o final foi demasiado básico, faltando-lhe uma faísca do fantástico que permeou outras partes do pequeno conto.

No geral, esta é uma antologia bastante coerente, com autores que mostram talento e histórias diversificadas. Alguns contos foram mais satisfatórios que outros (como sempre acontece com antologias de vários autores), mas nenhum foi particularmente mau. Ficou a vontade de ler mais trabalhos de vários dos autores presentes na colectânea.

Visitem: Tecendo Nós na Smashwords (grátis) * Tecendo Nós no Goodreads * Clube de Leitores em Português

08/05/2012

03/04/2012

Crónica d'Orelhudos - Luís Novais (II)

Crónica de Orelhudos
de Luís Novais
Edição/reimpressão: 2012
Páginas: 234
Editor: NA
ISBN:NA





"Nestas serras e planícies que o tempo tornou distantes, existiram uma, duas, três e até mais aldeias. Algumas eram maiores do que outras, mas nenhuma tão grande que aldeia não fosse. Aí viviam agricultores e pastores e artesãos e até alguns curadores que este era o nome que então se dava àqueles que tratavam do corpo e da alma.
O que não existia nestas aldeias era aquele grupo a que hoje chamamos de governantes e que, é sabido, tanto se podem inserir na classe dos políticos, como na que se diz ser a dos estadistas, ainda que estes pareçam ser em número cada vez mais minguado, havendo mesmo quem diga que se extinguiram, ou, até, que nunca chegaram a existir e que mais não são do que heróis de mito, ombreando com os Ulisses e os Aquiles, os Prómeteus e os Ícaros."


Assim se inicia uma fantástica jornada comandada pelo não menos irrepreensível Fernão Vasques Colarinhos, um orelhudo levado a cair no sistema das mulas e andando de burocracia em burocracia até à mentira viu-se "obrigado" a liderar uma revoltar, encetando uma luta contra o sistema, sistema criado pelas mulas.
Luís Novais parte do básico do nosso sistema comunitário e cria, e como cria este senhor, de forma sublime e directa a nossa "nova" organização social, de como passamos de trocas directas para a troca através do contado (dinheiro), das decisões comunitárias paras as decisões judiciais, enfim tudo que possam imaginar da complexidade da nossa "nova" sociedade. 
Fernão Vasques Colarinhos um orelhudo (como orelhudos subentendemos o povo) "orientado" por uma mula (mulas serão os governantes) e levado pelo sonho dá um passo de gigante supostamente suportado pelas mulas, que mais não querem aquilo que os nossos governantes querem... e isso é: ninguém o sabe, nem os próprios. Nessa "viagem" sem destino Fernão Vasques irá deparar-se com inúmeros obstáculos criados pelas mulas para que ele não atinja os meios que as próprias supostamente lhe iriam oferecer, obedecerá as suas ordens cegamente e tudo perderá. Renascerá.
O nosso léxico sobre mulas fica garantido pois elas parecem tortulhos a brotar da terra, ele existe a mula dos relatórios, a prestamista, a sonhadora, a conselheira, a dos fundos, etc...  

Luís Novais suporta-se em personalidades como Fernão Vasques, Maria da Fonte ou a padeira Brites de Almeida com maior ou menor intensidade para ajustar as suas personagens dando-lhes ainda mais interesse e vivacidade.
O sentido irónico, mordaz e até perigoso com que Luís Novais escreve é delicioso e digo perigoso pois se algumas ideias expressas no livro caiem em mãos erradas quem sofre são os orelhudos e a bom sofrer. Como homem do Minho, Luís Novais, estão bem presentes referências a esta região tão Portuguesa sempre com universalidade como suporte essencial, um grande obrigado por dar a conhecer a nossa região de uma forma tão divertida e original, sente-se nos textos do autor como sendo um homem do mundo.
A escrita de Luís Novais, para quem não conhece mas devia pois está a perder uma escrita fantástica, é deliciosa, este senhor escreve muito bem com pormenores deliciosos, diria mesmo subliminares, pode-se não gostar do tema, mas não existe subjectividade em relação à sua escrita... é bom de escrita/sintaxe e ponto final.

Excertos do livro:
"Com estas trocas, cada um fazia o seu ter a partir do seu ser e não o seu ser a partir de seu ter, como viria a acontecer em tempos postumeiros, segundo o que vos contaremos adiante."

"Porém, um dia aconteceu aquilo que acontecer teria, que sempre que muito pensamos em algo, acaba esse algo por acontecer, seja tarde ou cedo. Será por isso que, ainda que tentemos em a morte não pensar, sempre ela surge em nossos pensamentos porque ela é inevitável e é inevitável que o inevitável nos surja em ideia para que em matéria de facto possa ser consubstanciado, ainda que não deveis supor que estejamos a desmentir que a ordem possa ser a inversa."

"Riram-se e dali se foram à casa da Sonhadora, a provar de saborosas viandas e a abrir uma garrafa de Porto que era para um homem nunca mais se esquecer."


Um livro muito bom, e grátis, sim é grátis sem necessidade de fornecer contado ao autor/editor/expedidor/etc..., claro que se o desejarem o podem, e devem, fazer através do site do autor.

Para completar um obrigado ao Manuel Cardoso por me ter dado este enorme prazer.




07/12/2011

Ebook gratuito – Dicionário do ebook


Um pequeno livro que poderá ajudar na iniciação ao largo mundo do ebook. Um bom trabalho de Carlos Pinheiro. 

"Um minidicionário com a definição de cerca de uma centena de termos relacionados com o mundo do ebook e da edição digital. Inclui uma completa e atualizada bibliografia de publicações online e gratuitas sobre ebooks."

toda notícia vista aqui: http://lerebooks.wordpress.com/2011/12/06/ebook-gratuito-dicionario-do-ebook/