Faulkner nasceu alguns anos após a guerra de Secessão em que os Estados Unidos haviam sido derrotados, assim como todo o sistema em que a população branca e negra vivia. Assim, assiste-se ao desmoronamento de toda uma tradição, usos e costumes da sociedade sulista.É neste ambiente de “pós-Secessão” que Faulkner nos envolve na obra “Santuário”A história passa-se em Yoknapatawpha (condado fictício) no Mississípi.
Os elementos primeiros que integram a história e tornam esta de início viciante e expectante são: a natureza associada a uma casa em ruínas, uma varanda onde se discutem os assuntos importantes, uma mulher constantemente ao fogão com roupas também elas em ruínas, um bebé dentro de um caixote atrás do fogão para não ser comido pelos ratos, o fabrico e a venda de bebidas alcoólicas nesta mesma casa.
O número três nesta narrativa adquire bastante expressão (embora eu tivesse pesquisado não cheguei a conclusão nenhuma): três homens, três cantares, três tábuas toscas, três faróis…o número não está lá por acaso reconheço, algum significado terá!!
Vários personagens “dançam” por entre esta narrativa, todos eles fortemente caracterizados: Temple Drake é na minha opinião a personagem mais forte de toda a narrativa, é aquela que marca de forma significativa o leitor.
Temple é uma jovem estudante que por mero acaso vai parar à casa em ruínas. A partir daí a sua vida nunca mais será a mesma. Este é um personagem que entra em desequilíbrio. As suas acções e a escrita de William Faulkner estão tão bem descritas; o leitor consegue visualizar o terror e o desespero pelo qual este personagem passa ao longo de toda a história. A decadência deste personagem representa (na minha opinião) a própria decadência da sociedade sulista dos EUA.
Popeye, representa a força e talvez o equilíbrio da casa em ruínas. Horace Benhow, é o homem justo, que tenta ajudar o outro sem segundas intenções.
Há uma frase de André Malraux, na contra capa deste livro que o descreve na perfeição “A união do romance policial com a tragédia grega”
Confesso, que este não foi um livro fácil de ler, a linguagem apesar de bastante clara, exige um certo esforço de interpretação, pela forma que o discurso é apresentado.
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(Comentário também publicado no blogue ...viajarpelaleitura...)
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