um homem que não procure Deus é louco. E um louco deve ser tratado.
in Jerusálem, Gonçalo M. Tavares, Caminho, pág. 61
Jerusálem, de Gonçalo M. Tavares, é um livro que nos faz reflectir, entre outras coisas, nos limites individuais do ser humano em condicionar a liberdade dos outros.
Theodor Busbeck é médico, e numa das suas consultas apaixona-se por uma paciente, que tinha apenas uns sabidos e emancipados 18 anos, Mylia, arrastada pelos seus pais até ao consultório por sofrer de aparições. Mylia, ela própria, considera-se louca e esquizofrénica. Perigosa, ou não, Busbeck acaba por amá-la e, consequentemente, mesmo com a perplexidade de todos, casam-se.
Pouco tempo passa das eternas juras matrimoniais, e a doença de Mylia entra numa escalada de demência cada vez maior, ao mesmo tempo que o médico Busbeck leva a cabo uma intrigante investigação sobre o horror desde que existem registo históricos da Humanidade. Mylia é então internada numa clínica para doentes mentais. Aí conhece Ernst Spengler, outro louco, com quem virá a ter relações sexuais que resultam numa gravidez. Informado da situação, Busbeck é indemnizado pela direcção da clínica, e exige que o filho nascido daquela relação adúltera lhe fosse entregue logo a seguir ao nascimento. Assim se faz. Em consequência, Theodor e Mylia divorciam-se, e o médico será o responsável pela educação de Kaas, o filho. Mylia nunca mais poderá vir a ter contacto com o filho, mesmo que um dia se cure e abandone a clínica...
Na minha modesta opinião, Gonçalo M. Tavares, não sendo o escritor aprumadinho e bonitinho como muitos gostam, que escrevem belas e harmoniosas histórias de amor e ódio, é um dos autores mais originais e criativos da língua de Camões. Pessoalmente, julgo que a leitura deste Jerusálem está reservada a um público muito restricto, não porque se trate de um livro elitista, mas antes por ser uma experiência, por vezes, dura, sobretudo para quem procura na literatura puro entretenimento.
Próximo livro a ler deste autor: Uma viagem à Índia, Caminho.
PS - Dentro de alguns dias, começa mais uma Feira do Livro de Lisboa, a 81ª, que contará com cerca de 600 títulos açorianos, um bom sinal de que vamos estar bem representados pelas editoras regionais. Ver notícia aqui.
5 comentários:
e Luís vais no bom caminho...
Uma viagem à Índia também é um livro muito bom, mas Jerusalém é Jerusalém.
Abraços
Caro Ângelo, agradeço o conselho. Espero lê-lo logo possa (aí antes de 2012, lol), mas considero GMT um autor duro, mas tal como disse é dos mais criativos autores lusos neste momento. Fico feliz porque têm surgido muitos bons autores nacionais nos últimos 3-4 anos...
Abraços,
Desta vez decidi-me: já estou a ler Jerusalém.
Eu também já me decidi, só leio quando houver entrevista ahahah
E eu só darei nota positiva ao livro quando houver entrevista. AHAHAHA
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