21/06/2011

O Álibi Perfeito - Patrícia Highsmith

Nesta edição da revista Visão, já publicada há uns 8 anos, O Álibi Perfeito é o primeiro de cinco pequenos contos, muito compactos. Ou seja, numa escrita económica onde Patrícia Highsmith não desperdiça palavras; não há descrições inúteis nem esse vício que alguns escritores do género parecem cultivar que é “desviar” o leitor para pistas falsas. Aqui tudo converge para um final de enredo que o leitor não adivinha porque a arte do escritor policial consiste precisamente na sua capacidade de surpreender o leitor. Também neste aspecto, esta escritora é genial.
Nestes cinco contos há alguns aspectos que convém realçar: quase sempre (em 4 dos 5 contos), o crime não compensa. O cérebro humano é capaz de engendrar estratégias incríveis para atingir os seus objectivos; as pessoas, quando dominadas por determinados sentimentos, são capazes de pôr em prática toda a maldade possível e imaginável. No entanto, por mais forte que seja a inteligência humana, há uma espécie de destino com a qual ela se confronta. Fatalidades que acabam por fazer com que o crime não compense.
O último conto, "Maquinações" é um delicioso exemplo de humor negro; uma estória hilariante de um casal em que ambos tentam assassinar o outro, até que tudo acabe de uma forma absolutamente irónica e surpreendente.
Outro aspecto interessante é este: em 5 contos há 4 triângulos amorosos e 6 assassínios. Quer dizer, o amor e a morte lado a lado. De braço dado. De facto, que outra razão mais forte pode haver para matar e morrer?
Enfim, um livro simples que é um verdadeiro exemplo do melhor que há na literatura policial. Um livro que se lê de um fôlego, com aquele suspense que não nos deixa abandonar o livro antes de o terminarmos.

Também publicado em http://aminhaestante.blogspot.com/

1 comentários:

Lauh disse...

Nunca tinha ouvido falar neste livro, mas a vossa crítica parece ser bastante interessante. Especialmente porque, maioritariamente, os autores de policiais se limitam a dar pistas falsas, tal como disseram, não a criar um verdadeiro suspense.

Enfim.

Laura