13/12/2012

O Fim da Inocência e Outros Contos, Mário Rufino


Opinião:
Esta é uma obra composta por cinco contos e em todos eles há algo em comum – o recordar a inocência de outrora e o olhar para um novo ser que nasce com as vivências, com a aquisição das experiências, com a maturidade…

O primeiro conto dá nome ao livro – O Fim da Inocência e neste, a história é contada na primeira pessoa, há o recordar a infância, um tempo que não voltará. Um tempo de brincadeiras e tropelias onde a meninice obriga à alegria, à descontracção e à adrenalina.
No caminho que o narrador faz em direcção aos pais, vai tecendo pensamentos sobre a vida – as alegrias, as tristezas e sobretudo o medo da impotência perante algo.

O segundo conto intitulado “Pulseira Electrónica” fala-nos sobre a liberdade, a solidão e libertação. A consciência do erro permite olhar o mundo de outra forma, permite ao “ser”, tornar-se um espectador atento! Este é um conto que termina deixando imensas pontas soltas, como se de uma janela aberta se tratasse, em que cabe ao leitor escolher o elemento da paisagem que deseja como final…

“Last Man Standing” é o terceiro conto, um conto que evoca Deus – o Deus de cada um. Aquele que com o olhar é capaz de nos aprisionar e ao mesmo tempo largar (no infinito, no caos ou na ordem). Como se houvesse um antes e um depois… independentes e ao mesmo tempo interligados… como uma ponte que une duas margens!
Um Deus capaz de consertar uma peça individual (o ser) ou uma peça universal (o mundo).

“Flores” é o quarto conto. Um conto recheado de recordações, é possível sentir que o autor vivenciou aquelas experiências ou parte delas!
Uma escrita reveladora de um turbilhão de sentimentos, não só pelas pessoas à sua volta, mas também (e essencialmente) por si próprio no que respeita à sua infância.
Muitas questões filosóficas surgem sobre a morte e a vida. A morte enquanto estado inalterável por mais que a queiramos embelezar. A vida, enquanto caminho de aprendizagem e processo de amadurecimento!

O quinto e último conto, chama-se “Tempo em Branco” e a meu ver completa o ciclo de toda a obra. Aborda um tempo em que a nossa mente sucumbe à loucura, à insanidade e por conseguinte ao fim da inocência. Porém, também poderá ser o renascer da inocência no seu estado puro. Puro no sentido de não haver recordações (de ser um "novo" começo) e que leva à loucura daqueles que nos rodeiam!

Gostei Muito!
Parabéns ao autor pela obra!

Comentário anteriormente publicado no blogue ...viajar pela leitura...

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