“Helen Lewis sobreviveu ao maior pesadelo alguma vez sonhado pelo homem.
A sua história é apavorante, mesmerizante e lê-se com incrível gratidão pela
sua clarividência, honestidade e coragem” Ian McEwan
Opinião:
Ao longo dos anos já li
muitos livros sobre as atrocidades cometidas no Holocausto, mas continuam
sempre a chocar-me da mesma forma, cada vez que leio outros relatos, de outras pessoas que
passaram por este pesadelo, mas tal como diz no livro “todos têm que ser recordados, não só por aquilo que sofreram como
também para garantir que tal nunca mais voltará a acontecer”.
E é o que o eu penso desde a
minha adolescência, quando falo com outras pessoas sobre o que aconteceu, que deve
ser relembrado em todas as gerações, nas escolas, em casa, seja onde for, deve-se falar e escrever sobre o Holocausto - este episódio tenebroso
da história da Humanidade, para nunca mais se repetir, e que nas gerações vindouras
não se cometam os mesmos erros.
A autora Helen Lewis
nasceu em Trutnov, na Checoslováquia em 1916, tinha uma paixão pela dança e foi
a isso que se entregou, estudou no Mayerova Milca escola de dança em Praga, também
ensinou dança e coreografia. Mais tarde casou, mas passados 4 anos em 1942 por ser judia foi
deportada juntamente com o marido Paul, para o campo de concentração nazi de
Terezin, em 1944 foi para o campo de Auschwitz, na Polónia. Começou
ai o pior pesadelo que qualquer ser humano possa imaginar, consegue
contar-nos a história da sua vida de uma maneira simples e serena, mas muito
realista, sofreu juntamente com milhares de pessoas as atrocidades que outros
seres humanos lhes infligiam, privações como não ter roupa para o frio, fome, doenças que não eram tratadas, coisas simples, que um ser humano precisa necessidades
básicas, a brutalidade exercida, violência e agressividade por parte das SS,
que os obrigava a trabalhar, sem forças para isso, impressiona e choca. O tratamento desumano que lhes era infligido são poucas as
palavras para o descrever.
Como é que alguém
conseguiu sobreviver a todo este calvário? é o que me pergunto muitas vezes, como
é que no meio disto tudo conseguia-se criar um fiozinho de esperança e agarrar-se
a ele dia a dia para sobreviver a todas as provações diárias, sem saber se
naquele dia ia viver ou morrer, com fome, frio e doente, ou mesmo enviado para a morte.
A autora conta-nos tudo
com uma calma e simplicidade, como sobreviveu a estes cenários arrepiantes de
maus tratos, mas também descreve actos de bondade de pessoas que provavelmente
lhe salvaram a vida, até mesmo da parte de elementos das SS. Relata um episódio,
em que foi necessária para ensaiar uma coreografia de dança para os oficiais
das SS, e que mesmo com os pés congelados, com fome, o seu corpo ainda se lembrava
dos movimentos das longas horas de ensaio na escola de dança em Praga. Conseguiu
comida extra e provavelmente foi-lhe poupada a vida, eram esses momentos de humanidade,
pequenas gentilezas que traziam alguma esperança.
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Uma narrativa de memórias incrível, uma história com um testemunho notável, comovente e muito marcante, de uma mulher corajosa, de uma sobrevivente de Auschwitz, a
maneira como escreve as suas recordações parece que não esteve lá mas sim que
foi uma testemunha ocular dos acontecimentos, um livro
inesquecível, de muita tristeza, mas contada sem amargura ou raiva.
É um testemunho que todos devem ler.
É um testemunho que todos devem ler.
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