O Culpado, de Lisa Ballantyne (opinião)

Opinião:

A capa e a sinopse deste livro captam atenção de qualquer leitor, deixou-me com pontos de interrogação na mente e muito curiosa em relação há sua narrativa, e confirmou-se, depois de ter terminado a sua leitura confesso que senti alguma dificuldade em começar outro livro, esta história mexe com a parte emocional e psicológica de qualquer pessoa, pois envolve crianças, e nunca é fácil ler sobre crimes, ou violência infligida, mas vale a pena ler este romance de estreia da autora.

Esta narrativa O Culpado está dividida em três partes - Crimes, Culpa e O julgamento, no fim tudo acaba por se complementar.

Sebastian Croll de apenas onze anos é  acusado de ter morto uma outra criança de oito anos Ben Stokes, porque foram vistos a brincar juntos pela última vez antes de Ben perder a vida, por isso Sebastian é preso, um conceituado advogado de Londres,  Daniel Hunter, é chamado para o defender, já tem uma vasta experiência em lidar e defender jovens delinquentes, só que ele não estava há espera de encontrar um ser tão frágil há sua frente, apesar dos seus onze anos, aparenta ser ainda mais novo, mas demonstra uma inteligência e perspicácia acima da sua idade, o que deixa surpreendido o advogado durante os interrogatórios, e que faz com que crie empatia pelo miúdo e chegue a identificar-se com ele.

Mas assim que  Daniel começa a interrogar Sebastian, o seu passado mal resolvido surge na sua mente,  recordações da sua infância perseguem-no e é assim que intercalando capítulos entre o presente e o passado de Daniel (saltos temporais que tanto gosto num livro) que vamos descobrindo que este advogado teve uma infância muito conturbada, com uma mãe  toxicodependente,  cedo aprendeu a desenvencilhar sozinho, saltando vários lares de acolhimento, até conhecer uma mulher  chamada Minnie, que numa quinta acolhia crianças, e conhece-la vai mudar a sua vida para sempre e para melhor, transforma-o noutra pessoa, só que algo acontece quando ele tinha dezoito anos que o fez separar-se e romper os laços afectivos e é há volta da sua infância, deste mistério que são os motivos que o levaram a romper relações com Minnie, a mulher que o adoptou e o amou, que autora capta tão bem a nossa curiosidade em relação há vida de Daniel.

Somos completamente envolvidos e absorvidos  neste enredo fabuloso, também na defesa de Sebastian Croll  e todo o processo que envolve em provar a sua inocência, a instabilidade do seu lar apesar de viverem muito bem, há algo com os pais que não encaixa na família perfeita.

Os dois personagens estão muito bem construídos, Daniel quer no presente quer no passado, e Sebastian de apenas onze anos e todo o mistério que o envolve na sua vida familiar.

O miúdo está convicto da sua inocência e Daniel também, por isso tem que o provar perante um júri e um juiz no tribunal.

A parte do julgamento é excepcional, apreciar  como os advogados conseguem dissecar a vida de uma pessoa, quer da parte da acusação quer da defesa, esmiuçando todos os pormenores, aproveitando qualquer falha nos depoimentos das testemunhas, para tentar provar a culpa ou inocência do réu.

Por outro lado foca o grande impacto que tem a  imprensa em Inglaterra, não perdoa nem lhes escapa nada, está sempre em cima dos acontecimentos para colocar nos tablóides noticias sensacionalistas, por vezes prejudicando, pois acaba por influenciar a opinião pública contra ou a favor de um réu.

E é assim que somos de tal forma arrebatados com este enredo que queremos ler o livro todo de uma só vez, com ansiedade para chegarmos ao final, e ficar a saber quem é o verdadeiro culpado.

Na minha opinião é uma narrativa extraordinária, desde os personagens que achei fascinantes, o enredo com suspense, tudo se encaixa na perfeição, uma história de redenção e arrependimento, que impressiona, mas também comove e é tocante, um livro a não perder sem dúvida alguma, pois é muito bom.

Pode ver o livro O Culpado aqui