Opinião:
Já li muitos livros,
muitos mesmo, sobre o genocídio cometido no Holocausto durante a Segunda Guerra
Mundial, relatos pessoais sobre as atrocidades cometidas nesse período negro da
história da humanidade, mas poucos sobre
pessoas que viveram ou tiveram contacto directo com Hitler e com aqueles que o
seguiam e serviam fervorosamente.
O livro Na Montanha de Hitler é
um relato verídico contado na primeira pessoa por de Irmgard A. Hunt, uma narrativa
de memórias notável, de uma criança e da
sua família, uma menina que nasceu nas montanhas de Berchtesgaden, nas encostas
da Baviera, o refúgio de Hitler, e que teve contacto directo com o Fuhrer, de quem a
sua mãe era defensora, mas haviam havia familiares directos que não o eram, corriam sério
risco de vida se alguém o soubesse..
Nas escolas aprendia-se
a idolatrar o líder do nazismo, e ao contrário dos livros habituais sobre o
massacre do Holocausto, este livro relata-nos como era viver junto desta “pessoa”,
vamos ter a percepção do outro lado, ou seja somos confrontados com uma infância normal de uma criança cujas a regras eram restritas e uma educação rígida, onde não se demonstrava o amor, frequentavam a escola em que os
professores nazis acérrimos defensores de Hitler, incutiam nas crianças a
doutrina nazista na sua mente e o ingresso na Juventude Hitlerista a partir dos
10 anos.
Nascida numa família
pobre apesar de viver perto de Hitler e daqueles que o rodeavam a quem nada
lhes faltava, estas pessoas não estavam encantadas com o nazismo pois eram
bastante afectadas, passavam fome e todo o tipo de carências que uma guerra a
decorrer provoca nas populações, não era fácil sobreviver.
Apesar de todo o
sofrimento e das dificuldades, as pessoas e as crianças conseguiam no meio disto
tudo abstrair-se, nos poucos momentos que conseguiam tirar de pequenos prazeres
que lhes eram dados pela natureza.
Durante 11 anos Irmgard
e a sua família passaram por muitas privações e desgostos. Tempos muito difíceis cheios de opressão e
repressão, em que as pessoas não podiam dizer o que pensavam.
Irmgard descreve como
eram os dias perto do fim da guerra onde a comida e a roupa escasseavam, e os seus pensamentos em que
afinal os alemães tinham lutado por uma causa perdida.
Trata-se de um livro notável que
nos dá a conhecer o outro lado da história, através dos olhos de uma criança
que viveu e sobreviveu até aos dias de hoje, que não entendia porque é que se
tinha de viver sob a alçada de alguém que amedrontava e que deixava o povo
passar fome e todo o género de privações, que os obrigava a seguir a suas
ideologias, uma herança pesada que se herdava ao nascer numa ditadura, sobre a qual se questionou há medida
que ia tendo percepção da realidade que a rodeava. A sua vida deu muitas voltas,
tanto que acabou a viver na América, adoptando um sobrenome americano.
Uma história memorável,
fascinante, muito bem escrita, de alguém que nasceu e viveu junto de um povo que no fundo carrega o peso da
“culpa” de seguir um líder que nada tinha de racional, é mais um alerta para
que não se permita que se volte a repetir em
gerações vindouras. Recomendo sem dúvida alguma, trata-se de uma excelente leitura, um livro muito bom.
Pode ler mais sobre o livro aqui
1 comentários:
culpa é um sentimento que se herda ?
se fosse de dresden ou de hiroshima não teria hipotese de escrever o dito livro , pelo menos indo depois para a america safou-se de ser no minimo violada pelos vermelhos
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