16/03/2015

A Herança Bolena, de Philippa Gregory (opinião)



Opinião:
É tão bom ler romances históricos de Philippa Gregory, tal como a autora também sou fã da época Tudor.
A Herança Bolena, passa-se no século XVI, em 1539, durante o reinado do Rei Henrique VII, um Rei que em jovem foi detentor de uma rara beleza, não passava despercebido, com uma personalidade forte foi sempre egoísta, mau, cruel, e com a idade transformou-se num velho gordo, doente, que cheirava mal devido ao problema que tinha na perna, e também devido à forma desenfreada como comia, utilizava o poder sobre tudo e todos, sendo um verdadeiro tirano.
Narrado  por três personagens femininas, Ana de Cléves, Joana Bolena e Catarina Howard, cada uma dá-nos a sua perspectiva, a sua própria versão sobre os factos ocorridos na época. Três mulheres que não podiam ser mais distintas umas das outras, viveram a dada altura juntas na corte.
Henrique VII, casa pela quarta vez, desta vez com Ana de Cléves, tem idade para ser sua filha, uma alemã que não tem nada a ver com as mulheres inglesas, conservadora, os seus valores regem-se mais altos, não estão na beleza física, nem no vestuário, demonstra ter uma personalidade muito diferente, apesar de não falar inglês, rapidamente integra-se na corte e conquista quem a rodeia com a sua simpatia, até o próprio povo, pela sua postura demonstra ser uma Rainha com coragem, contudo para o Rei trata-se de uma mulher enfadonha, nada nela o atrai. Não se deixa conspurcar pela corte nem pelos que dela fazem parte, consegue manter-se afastada de todas as intrigas e conspirações, uma personagem pela qual senti empatia.
Joana Bolena, por sua vez demonstra o que sabe fazer melhor, desempenha o seu papel de espia, como já o fez noutras alturas, uma mulher em quem não se pode confiar.
Catarina Howard (torna-se a quinta esposa de Henrique VII) é uma menina linda, mas fútil, só lhe interessam o número de vestidos que consiga possuir, assim como as prendas que o Rei lhe possa oferecer, e as festas na corte onde consiga se exibir,  não tem nada na cabeça, demonstra ser muito infantil em concordância com a idade, ainda assim gostei dela, não achei que tivesse maldade nas suas acções, era ela própria.
Este Rei é uma personagem da qual não gosto minimamente, pela sua forma de governar, pelo facto de ser mau, sem escrúpulos, mas teve pela primeira vez uma esposa que lhe fez frente sem o melindrar, à qual no fundo deu valor, pela sua postura e maneira de ser, uma esposa que finalmente não mandou matar.
Philippa Gregory criou uma narrativa com personagens credíveis, com uma escrita sempre envolvente, demonstra de novo a sua enorme perícia em descrever com detalhe uma época histórica quanto a mim fascinante, mas sem se tornar cansativa, pelo contrário, todo o ambiente na corte é bem narrado, assim como o enredo que nos prende com as habituais intrigas e conspirações, a autora é eximia a escrever romances históricos sem dúvida alguma. Mais um livro seu que gostei imenso.


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