Confissões, de Kanae Minato

Opinião:

Fiquei uns dias a pensar nesta história, inclusive falei com duas amigas que são professoras, sobre o quanto tinha ficado perturbada, aliás acho que qualquer pessoa fica, infelizmente não consegui escrever logo o que achei assim que o terminei, porque o computador avariou.

Hoje em dia são raras as narrativas que me chocam sobre crueldade do ser humano e de como as pessoas são capazes de fazerem mal umas às outras, mas no que toca a crianças, a fazerem-lhes mal, mexe-me muito com as emoções, mas não sei dizer o que me chocou mais neste livro, se foi a morte, se foi o facto de saber quem esteve por detrás do crime, simplesmente não se está à espera que o perpetrador do crime seja tão jovem, que alguém com aquela idade consiga ter pensamentos tão maquiavélicos.

Narrado por várias personagens diferentes, vamos tendo a percepção de cada um deles sobre aquilo que realmente aconteceu, desde o plano macabro para assassinar e os contornos por detrás, que são assustadores, assim como a vingança planeada.

Mostra-nos como as más acções podem mudar o rumo de vida de outras pessoas, assim como uma vingança engendrada de forma tão fria pode destruir outras vidas para sempre, ainda que o objetivo seja o de dar uma lição. As surpresas que advém depois do crime deixam-nos a pensar nesta sociedade e nos valores pelos quais se regem, que se apresenta cada vez mais desequilibrada psicologicamente, deixa-nos a reflectir sobre como serão os futuros adultos.

Pessoalmente gosto muito de livros de autores japoneses, da sua cultura tão diferente, atraí-me de sobremaneira, assim como a sua capacidade de nos apresentarem um bom enredo, e esta autora veio provar isso mesmo mais uma vez, com esta narrativa nua e crua, na qual não se inibe de chocar o leitor com uma história que tem tanto de fascinante quanto de perturbadora. 

Confissões lê-se de uma assentada, trata-se de um livro que incomoda, que surpreende, e que vem salientar as enormes diferenças culturais entre o Ocidente e o Oriente. Muito bom.

 (Leitura feita em Agosto)