05/03/2011

Na verdade, um Prémio Literário pode fazer toda a diferença

(extraída yahoo.com)

Fala-se commumente em renovação geracional no campo da arte e da cultura. As promessas, normalmente jovens, quando surgem, vão fazendo esquecer a pacatez de alguns círculos intelectuais e trilham os seus caminhos solitários em busca da tardia independência financeira. Par de ano atrás, conjecturava-se a negro o futuro das letras nacionais, que não voltaríamos a ter um Prémio Nobel da Literatura, tal como tivemos em 1998. Não era muito difícil conjecturar a negro: com o avançar da idade, para lá de José Saramago, António Lobo Antunes, entre outros, não restariam autores portugueses de qualidade. Pelo menos, uns poucos assim achavam. Nada mais errado.

Confiram-se, nestes novos tempos, os novos autores de qualidade das letras portuguesas: Afonso Cruz (A boneca de Kokoschka, A contradição humana, entre outros), vencedor do Prémio Camilo Castelo Branco; Gonçalo M. Tavares (Jerusalém, Aprender a rezar na era da técnica, entre outros), vencedor do Prémio Literário José Saramago em 2005; Joâo Tordo (O bom inverno, O livro dos homens sem nome, entre outros), vencedor do Prémio Literário José Saramago em 2008; José Luís Peixoto (Livro, Cemitério de Pianos, entre outros), vencedor do Prémio Literário José Saramago em 2001; valter hugo mãe (O apocalipse dos trabalhadores, A máquina de fazer espanhóis, entre outros), vencedor do Prémio Literário José Saramago em 2006 para não variar. Entre outros autores.

A renovação das letras nacionais está na rua. E aconselha-se o seu consumo!

3 comentários:

Cristina Torrão disse...

Trata-se, sem dúvida, de novos valores da literatura portuguesa, caro Luís Almeida, alguns mesmo grandes valores. Mas um prémio Nobel, para um Português, nos próximos 30 a 40 anos? Não acredito. Também o Prémio Nobel segue um certo princípio de rotatividade, onde há lugar, entre outros, para o "oportuno", o "politicamente correcto", ou o premiar de uma língua ainda não premiada...

Um Nobel português em 1998; antes de 2040 não temos hipótese!!!

P.S. Espero que me engane ;)

manuel cardoso disse...

Concordo com a generalidade do texto.
Depois do desaparecimento de alguns dos nossos maiores escritores do século XX (primeiro Vergílio e Torga, depois Cardoso Pires e Saramago, entre outros) temeu-se pelo futuro da ficção portuguesa. Mas de facto os últimos anos têm trazido grandes novidades.
Peixoto, Tordo, Tavares e Valter Hugo Mãe são grandes valores, mais do que confirmados. Infelizmente para ganhar um Nobel não é factor essencial ser um grande escritor e muito menos ser o melhor. O grande problema é que essa é a única via para que um escritor português possa adquirir um estatuto mais "universal", digamos.
Pessoalmente consuidero José Luis Peixoto e Valter Hugo Mãe escritores capazes de ombrear com os melhores do mundo. Mas a literatura não é um campeonato, felizmente e para nós, portugueses, temos garantidas umas boas décadas de excelente literatura.
Mais ainda: por essas editores fora, há preciosidades que a crítica e o marketing não promove...

Unknown disse...

Cristina, também não acredito que tenhamos um prémio Nobel tão cedo. O post pretende chamar a atenção para 2 factos: os novos valores despontantes, e a importância que o Prémio Literário José Saramago tem tido na projecção dos vencedores. Talvez, como você, me engane, e possamos ter mais um Nobel num par de anos. Veremos, :)

Caro Manuel, acredito que há ainda muitos valores a descobrir ou a revalorizar nas letras nacionais. Mas o mercado é implacável: os livros têm um tempo de vida muito curto. Ou vingam rapidamente, ou são esquecidos, daí que se tenham transformado sobretudo em objectos de consumo. Nada a fazer portanto. :)