A 8ª leitura conjunta do blogue incidiu na obra de Kathryn Stockett "As Serviçais".
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Comentário do Luís Miguel
Existem certos aspectos do nosso dia-a-dia que temos por garantidos e não lhes damos a devida importância, talvez por nunca termos vivido sem eles. Refiro-me, por exemplo, à liberdade de expressão, igualdade de raças e credos, direito ao voto, só para enumerar alguns. Claro que estes aspectos se aplicam mais às gerações mais novas, que nunca se viram privadas deles. Foram estes pensamentos que me acompanharam ao longo da leitura de “As Serviçais”, de Kathryn Stockett. Parece que já foi há uma eternidade, mas o tema central deste livro, a segregação nos estados do sul dos EUA, aconteceu há pouco mais de 50 anos. Este, como outros temas, deve ser relembrado para que se evite que aconteça no futuro. A forma como a autora desenvolve o seu romance é original pois utiliza como narradoras as três personagens principais do livro.
Esta é uma história de coragem em que três mulheres se dispõem, em conjunto, tentar alterar o status quo da sociedade onde vivem chamando a atenção para as condições de vida degradantes das empregadas negras que trabalhavam para as famílias brancas. É uma sociedade onde impera o ódio, a discriminação, o preconceito, a desigualdade e em que os negros são explorados pelos brancos sendo-lhes negados direitos fundamentais. De referir que estamos na década de sessenta, nos EUA, altura em que começam a germinar com mais força as sementes da luta pelos direitos cívicos. A forma como a autora consegue descrever aquela sociedade através dos relatos do dia-a-dia das suas personagens está bem conseguida, cheia de pormenores que nos deixam perplexos. A coragem destas três mulheres deve ser enaltecida pois, ao decidirem alterar o rumo das coisas, punham as suas vidas em risco caso fossem descobertas. Significativa é a forma escolhida para concretizarem o seu objectivo, nada de radicalismos, nada de violência: simplesmente decidem escrever um livro onde várias criadas relatam o seu quotidiano a trabalhar para os brancos. Um dos aspectos que retive tem a ver com o amor que algumas tinham para com os filhos dos casais brancos onde trabalhavam, eram elas praticamente que os criavam, tentavam passar-lhes bons valores mas viam-nos tornar-se iguais aos pais alguns anos mais tarde. Mas nem tudo era mau pelo que também havia casos em que os laços criados entre os negros e as famílias onde trabalhavam eram fortes e havia respeito e um pouco mais de dignidade. A tarefa que estas três mulheres decidem pôr em marcha é praticamente uma aventura, tudo deve ser feito às escondidas, nem as suas famílias nem ninguém pode saber de nada. Porém conseguem levar a tarefa a bom porto mas não sem algum sacrifício pessoal em cada uma delas.
Aconselho a leitura deste livro pois a mensagem é forte, não nos deixa indiferentes, faz-nos reflectir e transmite-nos sentimentos, enfim, tem todos os ingredientes que um livro de qualidade deve ter.
Comentário do Ângelo Marques
Existem certos aspectos do nosso dia-a-dia que temos por garantidos e não lhes damos a devida importância, talvez por nunca termos vivido sem eles. Refiro-me, por exemplo, à liberdade de expressão, igualdade de raças e credos, direito ao voto, só para enumerar alguns. Claro que estes aspectos se aplicam mais às gerações mais novas, que nunca se viram privadas deles. Foram estes pensamentos que me acompanharam ao longo da leitura de “As Serviçais”, de Kathryn Stockett. Parece que já foi há uma eternidade, mas o tema central deste livro, a segregação nos estados do sul dos EUA, aconteceu há pouco mais de 50 anos. Este, como outros temas, deve ser relembrado para que se evite que aconteça no futuro. A forma como a autora desenvolve o seu romance é original pois utiliza como narradoras as três personagens principais do livro.
Esta é uma história de coragem em que três mulheres se dispõem, em conjunto, tentar alterar o status quo da sociedade onde vivem chamando a atenção para as condições de vida degradantes das empregadas negras que trabalhavam para as famílias brancas. É uma sociedade onde impera o ódio, a discriminação, o preconceito, a desigualdade e em que os negros são explorados pelos brancos sendo-lhes negados direitos fundamentais. De referir que estamos na década de sessenta, nos EUA, altura em que começam a germinar com mais força as sementes da luta pelos direitos cívicos. A forma como a autora consegue descrever aquela sociedade através dos relatos do dia-a-dia das suas personagens está bem conseguida, cheia de pormenores que nos deixam perplexos. A coragem destas três mulheres deve ser enaltecida pois, ao decidirem alterar o rumo das coisas, punham as suas vidas em risco caso fossem descobertas. Significativa é a forma escolhida para concretizarem o seu objectivo, nada de radicalismos, nada de violência: simplesmente decidem escrever um livro onde várias criadas relatam o seu quotidiano a trabalhar para os brancos. Um dos aspectos que retive tem a ver com o amor que algumas tinham para com os filhos dos casais brancos onde trabalhavam, eram elas praticamente que os criavam, tentavam passar-lhes bons valores mas viam-nos tornar-se iguais aos pais alguns anos mais tarde. Mas nem tudo era mau pelo que também havia casos em que os laços criados entre os negros e as famílias onde trabalhavam eram fortes e havia respeito e um pouco mais de dignidade. A tarefa que estas três mulheres decidem pôr em marcha é praticamente uma aventura, tudo deve ser feito às escondidas, nem as suas famílias nem ninguém pode saber de nada. Porém conseguem levar a tarefa a bom porto mas não sem algum sacrifício pessoal em cada uma delas.
Aconselho a leitura deste livro pois a mensagem é forte, não nos deixa indiferentes, faz-nos reflectir e transmite-nos sentimentos, enfim, tem todos os ingredientes que um livro de qualidade deve ter.
Comentário do Ângelo Marques
Jackson, Mississípi, USA, década de 60.
Um livro que nos conta, através da narrativa de três mulheres, na primeira pessoa, alternando entre si, a história de um livro, não de um livro qualquer mas o livro que se está a ler, parece que levitamos, e numa posição muito superior observa-mos o desenrolar deste livro que temos bem perto.
A autora Kathryn Stockett sustenta-se em três personagens para contar a sua história (e esta é mesmo a sua história), Skeeter a menina branca (que a revi muito na autora) e as duas empregadas afro-americanas Aibileen e Minny, os opostos em personalidade.
Partindo desta base, Skeeter, irá escrever um livro sobre a visão das empregadas domésticas negras de Jackson que trabalham para as famílias brancas, com relatos verídicos das ditas empregadas, onde Aibileen uma afro-americana culta e submissa será a sua maior aliada, a estas se juntará Minny outra empregada negra, uma língua destravada que lhes custa vários empregos, a parte mais extremosa do livro está evidenciada nesta personagem. A autora tenta abordar outros temas, tanto ou mais controversos, dependendo do contexto sociocultural em que se está inserido, mas sempre de uma forma subtil e muito superficial, sempre pela batuta mediana. Mesmo o tema central, a segregação racial, e muito "flat" sem ondulação, sem extremos, eficaz mas sem odiar ou amar.
Pormenores de hipocrisia onde as mulheres brancas confiam a educação e cuidados dos seus filhos à suas empregadas negras, a coisa mais preciosa das suas vidas, em oposto a isso as mesmas educadoras não podem usar a mesma casa de banho devido às doenças da cor.
As personagens, pelo menos as secundárias como Hilly, Elizabeth ou Celia, são um estereótipo da sociedade de Jackson, um estereótipo da sociedade Missipinese na década 60, isto para não falar do sector masculino que simplesmente segue um padrão muito similar aos kilts escoceses.
Skeeter, uma espécie de patinho feio pouco amadureceu como personagem e não revi nela os impulsos de uma jovem que pretendia mudar algo (contrário ao da autora que batalhou para por este livro nas prateleiras, livro que foi rejeitado por mais de 45 agentes literários), muito constante durante toda a narrativa.
O final, foi um pouco abismal, mas o livro tinha que ter um fim :)
Um livro carregado de eventos históricos que o leitor pode e deve aprofundar. Eventos históricos como a morte de Medgar Evers e John F. Kennedy as leis de Jim Crow, aos mais pequenos como 50% dos automóveis tinham ar condicionado em meados dos anos 70 os lares de Jackson (os das famílias brancas) já estava equipados com ar condicionado, pormenores da segregação racial, tal como a separação das casas de banho, as escolas separadas, paragens de auto carro especiais, etc... Para nós, Portugueses, parece que isto se passou à uma centena de anos, mas não foi à meio século atrás, nós vivemos isto muito distantes o que está errado pois fomos os progenitores desta atitude.
Uma leitura simples e cativante, acho que foi o meu primeiro livro redigido segundo o novo acordo ortográfico (não deverá ser por isso que que o livro contem uns errozinhos) que retirando algumas palavras nada de anormal nem contra este acordo.
No final fiquei com aquela sensação de sequela... um livro que recomendo para quem pretende uma leitura fácil e muito suave.
Comentário da Di
Comentário da Di
I read a review that compared The Help to To Kill a Mockingbird, and since that’s one of my favourites, I had to give The Help a try. I was immediately wrapped up in all the characters and read through it very quickly. As lines were blurred and characters showed their true colours, I fell in and out of rage with all the injustice and racism going on in Mississippi during the 60’s. Even though I really enjoyed the book, I felt like the ending didn’t do much for me. I don’t know if it was because I felt like it was too perfectly tied up...These women were risking their lives to write this book, I think I was just expecting something more. This was an inspiring novel of hope for me because of the journey these women took together to write this book. And the reason these women decided to take this journey was to initiate change in Jackson, Mississippi, “For women to realize, we are just two people. Not that much separates us. Not nearly as much as I thought.” I am definitely glad I added this novel to my book shelf and that I took the time to read it.
Comentário do Manuel Cardoso
Comentário do Manuel Cardoso
Nitidamente influenciada por W. Faulkner na estrutura da obra (múltiplos narradores) e por Harper Lee na temática (o racismo do sul dos EUA; note-se que Por Favor Não Matem a Cotovia é citado no livro por mais de uma dezena de vezes), Kathryn Stockett apresenta-nos um romance de leitura fácil e fluida, sem grandes ideias de fundo mas com um estilo fácil, agradável e inteligente.
A primeira fase do livro deixa-nos algo expectantes; por vezes o leitor sente que falta ao livro uma linha de rumo, um objectivo final. Mas à medida que avançamos na leitura vamos vislumbrando onde a autora quer chegar. A emoção aumenta, ao ponto de as ultimas cem ou cento e cinquenta páginas nos acorrentarem totalmente ao livro.
Para além do interesse da “estória”, este livro é um testemunho interessante de uma época de charneira na afirmação dos direitos cívicos nos EUA; uma caminho que se inicia com a luta de Martin Luther King mas que ainda não está totalmente percorrido.
No centro da questão está o feminino. As mulheres. A mulher branca mais insensível e implacável que os homens e a mulher negra mais sofrida mas também mais inteligente, talvez porque o seu espírito submisso a faça cultivar aquela paciência que conduz à sabedoria. Acima de tudo, neste livro, a luta pela igualdade de direitos é a luta da mulher negra; é a luta da solidariedade e da união. Mas a questão do racismo não se resume a uma luta linear entre brancos e negros. A segregação racial provoca dramas terríveis no relacionamento entre brancos e entre negros. Como diz o escritor Howel Raine, na nota final da autora: “a desonestidade sobre a qual uma sociedade é fundada torna todas as emoções suspeitas, torna impossível saber se aquilo que flui entre duas pessoas era um sentimento honesto, pena ou pragmatismo”. Na verdade, o peso de aceitar ou não tradições tão arreigadas como as normas de segregação racial tornam suspeitas as relações sociais, criando um clima de conflito permanente. Em parte é ainda esta triste realidade que se vive nos nossos dias. E não só no sul dos EUA.
Uma outra ideia fundamental deste livro é o poder que os livros e a escrita assumem na vida dos personagens. Aibeleen escrevia as orações e era quase sempre atendida nos seus pedidos. Talvez Deus também goste de ler… e é um livro que está no centro do romance; o livro como único meio de mudar o mundo daquelas pessoas.
Stockett demonstra neste livro ser uma alma nobre; uma alma grande, daquelas que tem o dom de mostrar à humanidade o que é, realmente, ser HUMANO.
Comentário da Paula T
Comentário da Paula T
As Serviçais, é um romance de Kathryn Stockett que nos dá a conhecer os anos 60 no Mississípi.
As relações entre brancos/negros, empregadas/patroa… relações de amor, ódio, amizade, indiferença.
A história é contada através de 3 narradores – Skeeter, Aibileen e Minny.
Skeeter é uma jovem branca que abomina todas as injustiças praticadas para com as pessoas de cor. Penso que Kathryn Stockett será a própria Skeeter, uma vez como a própria autora nos diz: “Posso dizer com certeza que ninguém na minha família alguma vez perguntou a Demitrie como era ser negra no Mississípi e trabalhar para a nossa família branca (…) Desejei durante muitos anos, ter sido suficientemente crescida e atenciosa para lhe fazer esta pergunta. Ela morreu quando eu tinha 16 anos. Passei anos a imaginar qual seria a sua resposta. Foi por isso que escrevi este livro” O livro será portanto uma homenagem a todo o povo negro vítima de racismo do qual a autora esteve perto e vivenciou as suas angustias e tristezas.
Aibileen e Minny são duas empregadas negras que trabalham para famílias brancas em Jackson. Através destas personagens, damo-nos conta da indiferença, racismo e injustiças de que são vítimas por parte dos brancos.
Estas três mulheres juntam-se com o objectivo de escrever um livro que denunciará as injustiças de que são alvo. Tendo conhecimento que correm risco de vida com a publicação do livro nada as detém. Pois viver no Mississípi numa altura em que a segregação racial é uma constante, já é por si só um grande desafio para a vida.
Esta foi uma leitura bastante agradável, uma história consistente na qual são explorados factos históricos, uma linguagem simples mas não simplista e que consegue chegar ao coração de quem lê. É uma narrativa que não deixa o leitor indiferente, no entanto senti que faltava algo para agarrar o leitor à história.
5 comentários:
Já tinha lido os vossos comentários no dia em que foram colocados, mas só ontem à noite é que acabei o livro.
Concordo com as vossas opiniões.
Gostei muito do livro, que se lê muito bem e é interessante por muitas outras coisas que foca, além do tema principal.
Mais um livro que li por influência do vosso blogue e que valeu a pena.
Um abraço para todos.
Olá Isabel, já fui ler o teu ao teu blogue, gostei :)
As nossas opiniões não divergem muito. Foi sem dúvida uma boa leitura.
Agora é esperar pela próxima ;)
(Será o Luís Miguel a escolher)
Abraço
Muito bom, só reforça a ideia de que tenho mesmo que ler "Por favor não matem a cotovia", de Harper Lee.
Luís Miguel,
Oh Luís, tens mesmo :D
E tenho a certeza de que vais gostar muito. Aborda o mesmo tema, mas de forma diferente.
Acho que Atticus (personagem do livro de Harper Lee) foi um dos personagens que mais me marcou ultimamente!
Abraço
Olá Paula
Já comecei a ler "Por favor não matem a cotovia".
Vou gostar.
E fico curiosa de qual será o próximo aqui no Destante...
Um abraço
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