13/12/2012

Escritores na Primeira Pessoa - Vasco Ricardo


Vasco Ricardo nasceu no ano de 1981, em França mas é em Portugal que gosta de estar. Nem sempre viveu em Famalicão; cresceu em Matosinhos e formou-se em Viana do Castelo. Pratica Aikido, uma arte marcial japonesa. Raramente se sente cansado, se bem que certas particularidades do quotidiano o vão arreliando. Acha piada a moralistas, principalmente os que são imorais. Ainda não descobriu a verdadeira razão pela qual sente vontade de escrever, mas jura que um dia o fará. Já publicou dois livros “A Trama da Estrela” e recentemente “O Diplomata.”




Odete:  Podes contar-nos o melhor elogio que recebeste, e já agora o pior insulto enquanto autor.

Vasco: O maior elogio que me deram, e dificilmente será superado, é que o meu livro prendeu o leitor sem que ele conseguisse parar de ler. Quanto ao insulto, penso que terão sido algumas palavras depreciativas de gente que ainda não os tenham lido; não vislumbro algo mais inglório do que essa situação.

Odete:   Se pudesses inventarias um mundo novo enquanto escritor? e o que mudarias?

Vasco: Talvez criasse uma bactéria capaz de castigar pessoas que fossem mesquinhas.

Odete:  Que autores portugueses tens lido?

Vasco:  Os últimos que li e gostei imenso foram Pedro Guilherme-Moreira e Miguel Miranda.

Odete:  Qual foi o livro que te prendeu na sua leitura durante mais horas?

Vasco:  Julgo que terá sido ‘Messias’ de Boris Starling.

Odete:   Já começaste a escrever uma história e não a conseguiste acabar?

Vasco: As histórias que não têm pernas para andar são descartadas antes de as desenvolver. Terminei sempre tudo o que comecei a escrever, embora me tenha desviado por diversas vezes do que inicialmente tinha previsto no decorrer do enredo.

Odete: Quando escreves e depois reles costumas alterar os textos?

Vasco: No início alterava muitas vezes. Depois esforcei-me por não proceder dessa forma, visto que na maior parte das ocasiões repetia aquilo que estava descrito mais abaixo. Com o tempo aprendi a dar importância àquilo que verdadeiramente importava. Altero algumas coisas, mas não muitas. Acredito que o primeiro impulso é o mais verdadeiro, logo o mais correcto.

Odete:  Já te arrependeste dos caminhos que deste às personagens dos teus livros?


Vasco: Nada que não pudesse ter sido remediado.

Odete: Controlas as personagens ou elas acabam por seguir o seu caminho?

Vasco: Penso que elas ganham uma espécie de vida própria com o decorrer da trama. É uma vida a dois.

Odete: Já te aconteceu teres de fazer outras coisas e não conseguires parar de escrever?

Vasco: Imensas vezes. Também acontece estar a fazer outras coisas e deixar tudo para registar uma ideia, ou fazer/ mudar um parágrafo.

Odete: Ou estar num lugar e sentires uma necessidade enorme de escrever e não o puderes fazer nesse momento?

Vasco: Também aconteceu por várias ocasiões. Nesse caso, vou martelando a ideia na cabeça para não me esquecer dela e despejá-la quando abrir o pc. É verdade que tenho um bloco para me auxiliar, mas não é a mesma coisa; a minha memória tem sido o meu instrumento mais eficaz.

Odete: Tens medo de falhar?

Vasco: Se não tivesse não poderia tornar-me melhor.

Odete:  Qual a música que identificarias com A Trama da Estrela? E qual escolherias para O Diplomata?

Vasco: ‘O Diplomata’ talvez duas, completamente opostas, mas ambas adequadas ‘Killing in the name’ dos Rage Against The Machine e ‘Gabriel’ dos Lamb. Quanto à ‘A Trama da Estrela’ diria que ‘Open your eyes’, dos Guanos Apes.

Odete: Todas as tuas ideias são ficção, ou também te baseias em factos reais?

Vasco: Todas têm um suporte real, embora nalgumas ficções esse suporte seja mais vasto do que noutras.

Odete: Achas que daqui para a frente o leitor vai "mandar" naquilo que escreves? 

Vasco: Não creio. Não me vejo a agir dessa forma.


Odete:  Para terminar gostava que falasses de ti enquanto pessoa, e também o que gostas de fazer nos teus tempos livres, para os seguidores do Blogue.

Vasco - Enquanto pessoa? Tenho gostos simples. Se pudesse alimentava-me de bolos e chocolates. Sou sensível em determinados aspectos e frio noutros. Gosto de ver e ouvir. Não me canso de procurar. Os meus tempos livres resumem-se actualmente a escrever, ler e tudo relacionado com a família, para além do tempo que passo na internet por vários motivos.


Muito obrigada Vasco, desejamos-te todos muito sucesso!





10 comentários:

Norma Gondar disse...

Parabéns Odete, das melhores que já li, e sem ser repetitiva!!
(então bolos e chocolates LOL)

Parabéns! e muito sucesso ao Vasco Ricardo

Paula disse...

Gostei da entrevista, já li a Trama da Estrela e recomendo. O Diplomata, não tarda a chegar a casa :)

macy disse...

Parabéns ao entrevistador e à entrevistador :)
Beijocas
Teresa Carvalho

Odete Silva disse...

Obrigada Norma :)

Ângelo Marques disse...

Parabéns Odete pela entrevista bem conduzida, quanto ao Vasco espero ler algo teu em breve.

nuno chaves disse...

Parabéns à Odete e ao Vasco, nesta entrevista, muito precisa e directa.
O maior sucesso ao Vasco, que continue a "perseguir" aquilo que realmente importa.
Boas festas.

Odete Silva disse...

Obrigada a todos :)

Ana C. Nunes disse...

Uma boa entrevista! Ainda não li nada do autor, mas fiquei curiosa (e ainda por cima gosta de chocolate :).

Vasco disse...

Obrigado. :)

Isabel disse...

A avaliar pelas respostas na entrevista, alguma coisa me espicaçou a curiosidade. Gostei principalmente daquela parte em que o autor diz que o 1ª impulso é o mais verdadeiro, por muitos e varidos motivos, que não vou agora dissecar.