Opinião:
Agradeço à Topseller o
Exemplar de Avanço de Escrito na Água,
permitiu-me ler o livro antes do seu lançamento, tal como
aconteceu com o livro A Rapariga no
Comboio.
Estava bastante curiosa
em relação a este livro,
e devo dizer que não me defraudou de todo, apesar de ser diferente, as
semelhanças são no tipo de personagens femininas que a autora cria.
Escrito na Água, apresenta-nos
um enredo intenso e um vasto leque de personagens, o que pode confundir a dada a altura o
leitor com tantos nomes, por acaso não me aconteceu ficar baralhada, mas requer realmente concentração para não nos perdermos na história e
nos personagens. E devo dizer que estão muito bem construídos, vamos
acompanhando cada um em capítulos alternados e depois temos o espaço
temporal na narrativa (que pessoalmente gosto muito), que começa com um excerto do O Poço das Afogadas, no ano de 1679, e
depois vamos para o tempo actual, o que torna a narrativa intrigante.
Não vou falar das
personagens, são muitas e todas tão diferentes, alguns tem telhados de vidro, e
o cerne reside em se estar atento ao desenrolar da história e ao que cada uma
delas nos diz sobre si e sobre o lugar onde residem, sobre os segredos que
guardam, a culpa que transportam dentro de si, as recordações que vêm ao de
cima, os mal-entendidos que podiam ter sido evitados, e é precisamente quando
lentamente as revelações vão sendo feitas por camadas, que vamos ficando mais intrigados
durante a leitura.
Claro que existe uma personagem que
se destaca, viveu obcecada com a morte das raparigas no rio, investigava, e queria saber o que lhes aconteceu, até acabar
por ser encontrada morta no mesmo lugar, e a pergunta a aqui é se terá sido
assassinada ou se foi suicídio? E é à volta da sua morte a investigação.
Devo dizer que adorei o
cenário escolhido para o enredo deste livro, sombrio, com um rio que esconde
segredos, que é conhecido como O Poço das Afogadas, cenário esse que autora soube tão bem
explorar, houve momentos que quase me sentia dentro do livro, também como se passa
num meio pequeno onde todos se conhecem, mas, não tão bem como pensam, pois no fundo é que ninguém é confiável, ajuda a que o enredo se torne mais misterioso.
Até dada a altura do
livro pensava - gostei mais do livro anterior, porque o arranque é lento, mas
depois conforme as revelações vão sendo feitas, umas atrás das outras, fui
ficando cada vez mais agarrada e desconfiada, o que fez com que no fundo não
saiba bem de qual gostei mais, pois são diferentes.
Se desconfiei do culpado?
Sim desconfiei, mas não me desmotivou a continuar a ler, antes pelo contrário,
porque a autora é eximia a prender o leitor através da sua escrita, dos
capítulos curtos e do desmantelar das personagens. Quem gostou
do livro A Rapariga no Comboio, vai
gostar certamente de Escrito na Água, eu gostei e recomendo.
"Um
passo de cada vez, até chegar à linha das árvores, um passo de cada vez, saindo
do trilho, um pequeno tropeção pelo declive abaixo e, depois, um passo de cada
vez, água adentro".
Paula Hawkins estará na
Feira do Livro de Lisboa a 10 e 11 de Junho.
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