02/03/2018

O livro que Eça de Queiroz levou sete anos a escrever

Título: A ILUSTRE CASA DE RAMIRES
Autor: Eça de Queiroz
N.º de Páginas: 312
PVP: 13,90 €
Nas livrarias a 6 de Março

Desde as quatro da tarde, no calor e silêncio do domingo de Junho, o Fidalgo da Torre, em chinelos, com uma quinzena de linho envergada sobre a camisa de chita cor-de-rosa, trabalhava.

Durante sete anos, Eça de Queiroz escreveu aquele que é considerado um monumento à língua portuguesa, um clássico absoluto. A Ilustre Casa de Ramires é o próximo título da colecção de clássicos da Guerra e Paz Editores mas só foi publicado em livro após a morte do escritor português. Chega às livrarias a 6 de Março, numa edição que inclui notas de editor, lista de personagens e o texto «O Sarcasmo Ibérico de Eça de Queiroz», de Miguel de Unamuno.
Inicialmente publicado por fascículos na Revista Moderna, entre 1897 e 1899, só depois da morte de Eça de Queiroz, em 1900, o romance A Ilustre Casa de Ramires foi publicado em livro pela Livraria Chadron.
 
 Sinopse: 
Esta é a história de Gonçalo Mendes Ramires, um dos grandes heróis queirosianos. Último descendente de uma antiga família aristocrática, cujas origens remontam aos tempos dos reis suevos, carrega em si o peso dos gloriosos feitos dos seus antepassados. Contudo, não consegue ombrear com essa memória. Empobrecido, com um carácter hesitante e fraco que o aprisiona e humilha, sonha libertar-se. Gonçalo quer viver, criar obra, honrar a história familiar.
Entrecruzam-se na narrativa dois tempos: o passado, o romance dentro do romance, cujo autor é o próprio Gonçalo, verdadeira reflexão sobre a literatura e a criação literária, e o presente da acção, triste e cabisbaixo, onde a mesquinhez e o provincianismo imperam, contrastando com a valentia de outras épocas.
A pena de Eça, de uma prosa perfeita e ironia acutilante, demorou mais de sete anos a escrever A Ilustre Casa de Ramires. Todo este labor resultou num livro que é um monumento à língua portuguesa, um clássico absoluto. A sua leitura, mais do que um prazer, é uma obrigação.

Sobre o autor: 
Eça de Queiroz. Nasceu a 25 de Novembro de 1845 na Póvoa do Varzim. Por não ser reconhecido pela mãe, viveu até aos 4 anos em Vila do Conde, com a madrinha. Em 1849, os pais casaram-se e Eça mudou-se para casa dos avós paternos, em Aveiro. Só aos 10 anos regressou ao Porto e se juntou aos pais. Concluídos os estudos liceais no Colégio da Lapa, ruma a Coimbra em 1861 para cursar Direito. É aí que conhece Antero de Quental e Teófilo Braga. Já formado, vai de malas e bagagens para Lisboa em 1866, e é na capital que se dedica à advocacia, mas também ao jornalismo, dirigindo o Distrito de Évora e publicando folhetins na Gazeta de Portugal, que seriam reunidos anos mais tarde em Prosas Bárbaras.
Depois de viajar pela Palestina, Síria e pelo Egipto e assistir à inauguração do Canal do Suez, em 1869 – viagem que desaguaria, mais tarde, em títulos como O Egipto e A Relíquia – envolve-se nas Conferências do Casino e começa a espalhar As Farpas, em 1871, um ano depois de ter publicado O Mistério da Estrada de Sintra, no Diário de Notícias, ambos a quatro mãos, com Ramalho Ortigão. Ingressa depois na carreira diplomática, e é em Leiria, como administrador do concelho, que escreve O Crime do Padre Amaro. Entre 1873 e 1875, exerce o cargo de cônsul em Havana, Cuba, e é depois transferido para Inglaterra. Durante os dois anos que se seguem, envia textos de Bristol e Newcastle para a imprensa nacional e brasileira, inicia a escrita de O Primo Basílio e faz os primeiros esboços para Os Maias e O Mandarim. Regressa à pátria com 40 anos e casa-se, em 1886, com Emília de Castro Pamplona, onze anos mais jovem. Em 1888, é enviado para o consulado de Paris. Segue-se a publicação d’Os Maias e, nos periódicos, d’A Correspondência de Fradique Mendes e A Ilustre Casa de Ramires.
Fundador da Revista de Portugal, de que é também director, visita frequentemente o país, aproveitando as estadas para jantar com os Vencidos da Vida. É no Paris de Jacinto, de A Cidade e as Serras – título que, como muitos da sua obra, só viria a ser publicado postumamente –, que vem a falecer a 16 de Agosto de 1900, vítima de doença prolongada.
 
 

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