Uma boa surpresa, este livro.
Escrito com leveza, num discurso fluente e objectivo, Pedro de Sá mostra-nos que não é preciso escrever muito para dizer muitas e belas verdades.
Olhei Para Trás e Sorri é a história de Francisco, um simples funcionário público que teve uma vida tão simples como o correr aparentemente normal do tempo. Se há um sentido da vida, ele nada tem de complexo. Francisco é gente como nós. Talvez por isso, porque nada de alucinante acontece, que vemos em Francisco um pouco de nós.
Ao olhar para trás, esperando a morte, ele sorri. Sorri talvez daquela alegria suave de um dever cumprido mas também, talvez, com o sorriso amarelo de quem não conseguiu enganar a vida; de quem não arriscou emoções maiores; de quem permaneceu nessa suave normalidade que, sem fulgores também não arrancou lágrimas de desespero. Francisco viveu e talvez essa vida suave não seja mais que uma longa espera da morte.
Poderão alguns leitores deste livro dizer que é uma bela história de amor. Talvez essa seja uma leitura óbvia do enredo. Mas não foi assim que eu o li. Francisco foi homem de uma mulher só. Por ela se apaixonou, com ela encontrou aquela felicidade que advém do corpo, com ela casou e com ela morreu. Mas, pelo meio houve Matilde. E talvez por aí o amor tivesse espreitado. Mas Francisco preferiu essa felicidade suave e “normal” que Maria Luísa que oferecia.
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