CRÓNICAS
DE UM PORTUGAL DEMASIADO PORTUGUÊS
MOUSTAFA
(e Maria e Bruno) – PARTE I
O
meu nome é Moustafa. Nem sempre me chamaram dessa forma, mas quando
fiz dezoito anos resolvi mudar. Não que desgostasse do nome que os
meus pais me atribuíram à nascença. Porém, este, novo, é
diferente, pelo menos em Portugal, e só Deus sabe o quanto amo
distinguir-me dos demais. Sinto que nasci para ter destaque, como
qualquer líder religioso ou de uma potência governamental. Acredito
que posso fazer-me ouvir por entre os homens, ou melhor, que eles
possam seguir-me. Não
sou alto nem bonito. Não sou aquele tipo de gajo que capta a atenção
do mulherio, mas, como se diz, quando a montanha não vai a Maomé,
Maomé vai à montanha – ouvi a Rosalina dizer isto no outro dia e
fiquei fascinado por esse princípio. Por isso, tento ser simpático,
mas o azar persegue-me invariavelmente, desde os tempos do infantário
até aos da escola, da faculdade, da tropa e do emprego – pois, fui
recentemente despedido dos correios. Durante todo o meu percurso fui
apanhando muitas pedras no sapato. Calhaus que foram atrapalhando o
meu caminho até à glória, algo com que sempre sonhei e que ainda
hei-de alcançar, um dia. Dir-vos-ia para lerem os meus lábios se me
estivessem a ver, daí que vos aconselho apenas que registem estas
palavras. Desde
que me apercebi onde desejava chegar, comecei a abater quem não
conseguia agradar. Sempre me esforcei por ser bom para todos e quem
até hoje ousou rejeitar a minha generosidade passou a ser meu
inimigo. E decidi adoptar as tácticas das guerras que nunca travei.
Pelo que me escondi nas trincheiras da vida e lancei granadas a quem
foi aquilo que nunca eu tive coragem de tentar ser. Sou agressivo,
bem sei. Todavia, sou assim e não tenciono mudar, pois quem muda são
os fracos. Apelido-me
de frontal e sincero, capaz de argumentar o que quer que seja. No
entanto sou - e anotem isto porque só vou dizê-lo uma vez - um
autêntico S-A-C-I-R-D-E-M - têm de ler ao contrário, porque no
seio da minha honestidade revelo-me incapaz de enfrentar o espelho e
assumir quem verdadeiramente sou. Sou assim, um exemplo que não
exemplo, um herói que não herói. Pavoneio-me e ergo as minhas
penas coloridas, tentando enganar quem me vê. Sei que pelo menos os
burros consigo iludir e aos outros vou tentando fazer o melhor que
posso, que me sigam se forem realmente inteligentes, que me enfrentem
se quiserem conhecer o sabor da minha fúria. Perante esta última
afirmação, rir-me-ia como o Drácula naquele filme a preto e branco
que vi em miúdo – recordo-me bem pelo cheiro fétido que proveio
das minhas calças no instante seguinte -, mas a minha voz não é
suficientemente
grave para que não soasse afeminada.
Atenção que sou macho!
Não tirem conclusões precipitadas, embora nunca me tenha despido à frente dos meus colegas de balneário. E não! Não é por isso... É apenas porque sim. Afinal não sou obrigado a explicar-vos o que quer que seja.
Brevemente conhecer-me-ão melhor, assim como as minhas facetas e forma de agir. E se, no fim do meu desabafo, ficarem com má impressão acerca da minha pessoa e dos propósitos que me regem enquanto senhor da razão, nem tiverem a capacidade necessária para me interpretar, farei a vossa vida negra com todas as minhas forças, utilizando os meios que mais à frente descreverei. Terão, portanto, diante dos vossos olhos um episódio por cada etapa da minha vida que passei e de que tanto me orgulho.
Ah, ia-me esquecendo.
E se por acaso estranharem ao perceberem que estou permanentemente rodeado por dois monos não façam disso caso. É a Maria e o Bruno. Ela tem os olhos tortos e sorri como se não sorrisse. Ele usa gel e não consegue estar próximo de uma pessoa sem tocar nela. Ambos me acompanham desde o fraldário e são os meus fieis seguidores. Perguntei-lhes, agora, se efectivamente o eram e eles acenaram prontamente que sim – vêem?
Atenção que sou macho!
Não tirem conclusões precipitadas, embora nunca me tenha despido à frente dos meus colegas de balneário. E não! Não é por isso... É apenas porque sim. Afinal não sou obrigado a explicar-vos o que quer que seja.
Brevemente conhecer-me-ão melhor, assim como as minhas facetas e forma de agir. E se, no fim do meu desabafo, ficarem com má impressão acerca da minha pessoa e dos propósitos que me regem enquanto senhor da razão, nem tiverem a capacidade necessária para me interpretar, farei a vossa vida negra com todas as minhas forças, utilizando os meios que mais à frente descreverei. Terão, portanto, diante dos vossos olhos um episódio por cada etapa da minha vida que passei e de que tanto me orgulho.
Ah, ia-me esquecendo.
E se por acaso estranharem ao perceberem que estou permanentemente rodeado por dois monos não façam disso caso. É a Maria e o Bruno. Ela tem os olhos tortos e sorri como se não sorrisse. Ele usa gel e não consegue estar próximo de uma pessoa sem tocar nela. Ambos me acompanham desde o fraldário e são os meus fieis seguidores. Perguntei-lhes, agora, se efectivamente o eram e eles acenaram prontamente que sim – vêem?
8 comentários:
A seguir, a seguir... Este "moçoilo" promete polémica.
Ora,agora,é que vão ser elas...um fundamentalista?!
Será o Sr.Branco da Trama ou o ditador Hadilah que Gabriel não abateu no Diplomata?!
Mas que bela intriga!Ou será que não têm nada a ver uns com os outros...
Ó la,la!Fascinante!
Mais uma personagem que vai dar que falar!! ;)
Um macho medricas frontal e sincero? Uiui esses gajos são do piorio :)
Vai ser lindo, vai...
Moustafa? Lá vamos nós a um paranóico com mania :-) E a Maria e Bruno, existem ou não existem? Não me digam que tenho que esperar 1 semana, 7 dias, praticamente 165 horas para saber....
Bem, tu não leves muito tempo a dar seguimento a isso!!!!
Muito bom!!
O Moustafa é assim, um macho, mas também gosta de fazer esperar as pessoas...
Devagar se vai ao longe,não é?Mas ,Vasco,não o povo em pulgas muito tempo,OK?
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