"A Coroa" é um romance histórico cuja ação
se desenrola em Inglaterra, no período dos Tudor, mais precisamente nos
primeiros anos do reinado de Henrique VIII. É um período da História que
podemos considerar marcante, pois, a ambição e o egocentrismo de um monarca vai
levar a uma cisão entre o reino de Inglaterra e a poderosa Igreja Católica, o
que por seu turno levará ao surgimento de uma nova religião. Esta
"separação" será o motivo de inúmeras guerras envolvendo a
Inglaterra, por um lado, e a França e Castela, por outro. Esta tomada de
posição por parte de Henrique VIII tem como principal justificação a recusa do
Papa em conceder-lhe o divórcio da sua primeira mulher - Catarina de Aragão,
uma rainha muito devota e muito querida pelo povo. O rei vivia obcecado em
conseguir um filho varão que lhe suceda no trono. Henrique VIII reclama para si
o governo da Igreja de Inglaterra que antes pertencia à esfera do Papa e
precisa de cimentar a sua posição, resistir às pressões externas e aniquilar a
oposição interna. Para isso precisa de fundos. Uma das primeiras medidas
tomadas para conseguir esses fundos é a dissolução dos mosteiros do reino e a
consequente apreensão de todas as suas riquezas. Muitos mosteiros são
governados há centenas de anos por ordens religiosas apoiadas pela Igreja e são
possuidores de inúmeros bens e propriedades.
É neste contexto que este romance se enquadra e a
autora consegue fazer chegar até nós uma descrição bem conseguida do ambiente
que se vivia naquela época de mudanças, de incertezas, num mosteiro onde a
ordem religiosa feminina sabia que o fim se aproximava brevemente. Temos como
personagem principal Joanna Stafford, noviça no priorado de Dartford, uma
pessoa forte, determinada, de convicções e devota dos costumes antigos. Joanna
tem como objetivo levar até ao fim o seu noviciado no priorado de Dartford. No
entanto, a condenação à fogueira da sua prima vai mudar para sempre a sua vida.
Toma a decisão de assistir à sua condenação para se despedir dela e temendo que
ninguém próximo esteja com ela no fim da sua vida. A partir desse momento os
acontecimentos sucedem-se a um ritmo frenético. Joanna vê-se presa na Torre de
Londres e depressa se convence que o seu fim será como o da prima pois, em boa
verdade, poucos são os prisioneiros da Torre que de lá saem com vida. Mas
Joanna consegue, mas tudo tem um preço. A pessoa que lhe concede a liberdade
incumbe-lhe uma missão de cujo cumprimento depende a vida do pai. Autorizada a
regressar ao priorado, lança-se na busca de uma coroa que outrora pertencera a
um rei de Inglaterra e que se julga ter poderes sobrenaturais. Poderá mudar o
rumo dos acontecimentos a pessoa que se apoderar dela? Será a dissolução um
acontecimento irrevogável? O certo é que a essa busca será um longo caminho,
cheio de mistérios, espionagem, traições e mortes. Obrigados a estudarem a sua
própria história, os personagens vão-nos desvendando acontecimentos passados,
desde logo um sonho antigo de vários monarcas: a unificação da Grã-Bretanha sob
um só rei.
O que posso dizer é que este romance tem por trás
uma pesquisa histórica irrepreensível. A autora consegue captar o ambiente
particular e um pouco misterioso que se vivia nos mosteiros onde os costumes
antigos são seguidos desde há centenas de anos. Cheio de ação e reviravoltas, o
leitor fica preso não só ao enredo mas também tem o ensejo de querer saber mais
sobre esta época que mexe com o imaginário tanto de autores como dos seus
leitores.
1 comentários:
Gostei da opinião Luís, é um livro que quero muito ler, gosto imenso de ler sobre a época Tudor :)
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