22/09/2012

A Coroa, de Nancy Bilyeau


Opinião:
"A Coroa" é um romance histórico cuja ação se desenrola em Inglaterra, no período dos Tudor, mais precisamente nos primeiros anos do reinado de Henrique VIII. É um período da História que podemos considerar marcante, pois, a ambição e o egocentrismo de um monarca vai levar a uma cisão entre o reino de Inglaterra e a poderosa Igreja Católica, o que por seu turno levará ao surgimento de uma nova religião. Esta "separação" será o motivo de inúmeras guerras envolvendo a Inglaterra, por um lado, e a França e Castela, por outro. Esta tomada de posição por parte de Henrique VIII tem como principal justificação a recusa do Papa em conceder-lhe o divórcio da sua primeira mulher - Catarina de Aragão, uma rainha muito devota e muito querida pelo povo. O rei vivia obcecado em conseguir um filho varão que lhe suceda no trono. Henrique VIII reclama para si o governo da Igreja de Inglaterra que antes pertencia à esfera do Papa e precisa de cimentar a sua posição, resistir às pressões externas e aniquilar a oposição interna. Para isso precisa de fundos. Uma das primeiras medidas tomadas para conseguir esses fundos é a dissolução dos mosteiros do reino e a consequente apreensão de todas as suas riquezas. Muitos mosteiros são governados há centenas de anos por ordens religiosas apoiadas pela Igreja e são possuidores de inúmeros bens e propriedades.
É neste contexto que este romance se enquadra e a autora consegue fazer chegar até nós uma descrição bem conseguida do ambiente que se vivia naquela época de mudanças, de incertezas, num mosteiro onde a ordem religiosa feminina sabia que o fim se aproximava brevemente. Temos como personagem principal Joanna Stafford, noviça no priorado de Dartford, uma pessoa forte, determinada, de convicções e devota dos costumes antigos. Joanna tem como objetivo levar até ao fim o seu noviciado no priorado de Dartford. No entanto, a condenação à fogueira da sua prima vai mudar para sempre a sua vida. Toma a decisão de assistir à sua condenação para se despedir dela e temendo que ninguém próximo esteja com ela no fim da sua vida. A partir desse momento os acontecimentos sucedem-se a um ritmo frenético. Joanna vê-se presa na Torre de Londres e depressa se convence que o seu fim será como o da prima pois, em boa verdade, poucos são os prisioneiros da Torre que de lá saem com vida. Mas Joanna consegue, mas tudo tem um preço. A pessoa que lhe concede a liberdade incumbe-lhe uma missão de cujo cumprimento depende a vida do pai. Autorizada a regressar ao priorado, lança-se na busca de uma coroa que outrora pertencera a um rei de Inglaterra e que se julga ter poderes sobrenaturais. Poderá mudar o rumo dos acontecimentos a pessoa que se apoderar dela? Será a dissolução um acontecimento irrevogável? O certo é que a essa busca será um longo caminho, cheio de mistérios, espionagem, traições e mortes. Obrigados a estudarem a sua própria história, os personagens vão-nos desvendando acontecimentos passados, desde logo um sonho antigo de vários monarcas: a unificação da Grã-Bretanha sob um só rei.
O que posso dizer é que este romance tem por trás uma pesquisa histórica irrepreensível. A autora consegue captar o ambiente particular e um pouco misterioso que se vivia nos mosteiros onde os costumes antigos são seguidos desde há centenas de anos. Cheio de ação e reviravoltas, o leitor fica preso não só ao enredo mas também tem o ensejo de querer saber mais sobre esta época que mexe com o imaginário tanto de autores como dos seus leitores.

1 comentários:

Odete Silva disse...

Gostei da opinião Luís, é um livro que quero muito ler, gosto imenso de ler sobre a época Tudor :)