Até que Sejas Minha, de Samantha Hayes (opinião)

Opinião:

Até que Sejas Minha, conseguiu o que um bom thriller psicológico não me fazia há algum tempo, que foi deixar-me arrepiada e nervosa durante parte da sua leitura.

Intenso, arrepiante, macabro.

Preparem-se para quando o começarem a ler, ficarem de tal forma agarrados, que não descansam enquanto não terminam. E é complicado escrever sobre este thriller sem deixar transparecer nada.

O desejo de serem mães une duas mulheres, coincidência ou não.

Cláudia tem uma vida perfeita, está grávida, continua a trabalhar, mas devido à profissão do marido, que se ausenta por longos períodos, precisa de alguém para a ajudar, com os gémeos e com o futuro bebé, por isso contratam uma ama a tempo inteiro, Zoe, uma personagem estranha, enigmática, que apesar de todas as excelentes habilitações e referencias que apresenta ao casal, o facto é que não inspira confiança em Cláudia, há algo nela que a faz desconfiar, que a incomoda,  mas não consegue perceber do quase trata...

Uma terceira personagem é a detective Lorraine, super dedicada à sua profissão, quase que deixa para segundo plano a sua vida pessoal como mãe e esposa, e sofre com isso as consequências.

Principalmente quando está embrenhada numa  investigação, como é o caso que tem no momento entre mãos,  duas mortes com contornos macabros, hediondos...

A autora pegou nestas mulheres complexas e intrigantes, que nos provocam desconforto, e construiu um enredo em torno da suas vidas, que nos deixa abalados e abismados, e é precisamente do ponto de vista das três que vamos conhecendo o dia a dia de cada uma, de Lorraine, de Cláudia, e de Zoe, apenas conseguimos segmentos, pedaços das suas vidas, não se consegue perceber muito bem quem são e de onde vem, só no decorrer da leitura...

E é precisamente nas descrições do dia a dia de cada uma, que nos vamos arrepiando com certas pistas, e certas maneiras de agir, que nos provocam um mal estar enorme, mas o mais inquietante é mesmo a grande obsessão de Cláudia e Zoe, de querem ter um filho a todo o custo.

A obsessão por algo faz com muitas vezes o ser humano ultrapasse os limites da sensatez e da lucidez, e o faça cometer actos inimagináveis, chocantes, e isso é realmente assustador, pessoas doentias.

O leitor é obrigado a analisar as personalidades destas mulheres, e ler pausadamente, para não perder nenhum pormenor e tentar perceber quem são afinal, a mestria como a autora escreve, e como revela só o suficiente para apanharmos pedaços que se encaixem, deixa-nos a pensar, e faz-nos questionar, levanta muitas dúvidas na nossa mente.

(Não é a primeira vez que me acontece e não sei se é por já ter lido tantos livros do género que desconfiei, e não me enganei, mas sempre com muitas dúvidas, pois a autora não permite certezas de nada, por isso duvido muito que muitas pessoas consigam adivinhar o final).

O enredo está de tal forma bem feito, tão cheio de tensão, que a pessoa que está deste lado do livro dificilmente descortina ou imagina o final, e quando tudo vem ao de cima, é como se lhe tivessem tirado o tapete debaixo dos pés.

Trata-se de um excelente thriller psicológico, cheio de suspense, chocante, com personagens inquietantes, muito bem conseguidas e caracterizadas, cheio de reviravoltas, é uma narrativa que os amantes do género vão adorar.

Ansiosa pela publicação Antes que morras da mesma autora.