Tal como o Ângelo, também eu fui ver a Braga Romana. Foi no dia 28 e passava um pouco da meia-noite, num clima magnífico de verão.
Comecei o passeio pela Arcada, naquele que viria a ser o melhor momento da noite: um belo café curto na esplanada do meu querido café Vianna.
Depois, cheio de coragem, meti pela Rua do Souto e, no Largo do Paço choquei de frente com um acampamento Romano. Que bela oportunidade para explicar aos meus filhos a magnífica organização militar romana. No entanto, estavam já a desmontar a tenda. Mesmo assim deu para verificar que o que eles tinham lá de mais fiel à verdade histórica eram os fardos de palha. Sim, era palha verdadeira que dava um certo ar de veracidade à cena. Mas a fidelidade ficava por aí. Num lado da praça, o acampamento dito romano consistia em três ou quatro tendas a fazer lembrar os Índios dos filmes de cowboys. Uma torre de assalto tinha um formato originalíssimo: era triangular, como se fosse mais uma tenda de índios mas em tamanho um pouco maior. Com torres de assalto como aquela, pensei eu, os pobres romanos nem uma barraca madeira podre conseguiriam destruir. Mais adiante, umas imitações muito castiças de dardos romanos. Com pontas de ferro (?) elegantíssimas, capazes de fazer rir qualquer inimigo. Com aqueles dardos, para furar as tripas a um qualquer bárbaro seria preciso ir lá antes fazer-lhe um buraco na barriga com um berbequim. Enfim, acabou por ser uma bela oportunidade para explicar aos meus filhos como não era um acampamento romano.
Segui pela rua da Senhora do Leite, por detrás da Sé. Foi uma oportunidade magnífica para dar uns empurrões naquele maralhal de gente. Nas bermas da rua, amontoavam-se as tendas pseudo-romanas. Aí podíamos encontrar tudo o que seria impossível encontrar numa feira romana: artesanato português-romano-africano ou fabricado na Tailândia, artigos chineses de variadas qualidades.
Mais perto da Sé, umas tendinhas destacavam-se pela multidão de frequentadores. Mais um empurrões bem dados e lá me aproximei para ver de que maravilha romana se tratava. Depressa confirmei a minha suspeita: ali vendia-se uma espécie de aguardente ou lá o que era. Só podia ser coisa pesada porque se vendia nuns copinhos pequenos que a malta repetia até avermelhar as orelhas e incendiar as goelas. Coitados dos Romanos… e eles é que ficaram com a fama de bêbados quando se limitavam a beber vinho com água! Se cá viessem ver isto, acho que conquistariam isto tudo novamente, mas com requintes de malvadez. E se calhar era bem feito.
Bem junto da Sé, mais umas maravilhas “romanas”: tendas de tarot, adivinhos aldrabões, vendedores de quinquilharias e até umas tendas de bugigangas indianas de proveniência duvidosa.
Mais uns empurrões e lá consegui regressar à Avenida da Liberdade onde, por fim, pude respirar fundo e imaginar os verdadeiros romanos a rir como tolos, perante tamanha tolice destes imperadores modernos que impingem estas aldrabices aos indígenas…
PS- Mesmo assim, I Love this town! Seja a dos heróicos brácaros, a dos guerreiros romanos, a dos padres e arcebispos medievais ou a dos empreiteiros modernos!
Ah e a verdadeira Braga dos Gverreiros que são estes:
2 comentários:
Olá Manuel,
Na verdade a tua opinião é bem mais acintosa que a minha :).
Bem sabemos que sem os produtos Indianos, Chineses ou Africanos o "nosso" recinto Romano estaria às moscas. O que realmente me preocupa é aquele espectáculo (vergonhoso) no Largo do Paço, e o(s) cortejo(s) que sem tema (tal como todo o evento) de novo pouco trazem a não ser a boa vontade de algumas instituições.
Mas como sempre, tenho aquela sensação, que pode ser desta que mais uma vez a "nossa" Ilda Carneiro leia isto e... quem sabe.
Abraços.
... ainda por cima a Ilda Carneiro é minha vizinha... ai se ela lê isto!!!
:)
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