Um dos períodos da História que gosto de revisitar de vez em quando é o período da Segunda Guerra Mundial e do Holocausto. Acho que, por ser um dos momentos mais trágicos da Humanidade é que deve ser lembrado e devemos evitar que se repita. Existem muitos livros sobre o Holocausto que relatam o que se passou nos campos de concentração nazis. Decidi destacar este "Se isto é um homem", de Primo Levi por ser um dos relatos mais impressionantes jamais descrito por alguém que viveu e sobreviveu aos campos da morte. Primo Levi nasceu em Turim, em 1919. Licenciou-se em química, participou na resistência contra a ocupação nazi, foi preso e deportado para o campo de concentração de Auschwitz em Fevereiro de 1944. Lá permaneceu até ser libertado no dia 27 de Janeiro de 1945 pelo Exército Vermelho. O que nos prende ao longo deste relato é o facto de Primo Levi nos descrever aquilo por que passou de uma forma tão lúcida, sem nunca questionar o seu "destino", sem qualquer queixume, sem raiva, Primo Levi parece pôr de lado todos os sentimentos para seguir o seu raciocínio, o seu relato, a descrição do seu dia-a-dia. A sua vontade era só uma: sobreviver. Para isso tentou sempre passar despercebido, tanto dos guardas como dos prisioneiros. Os seus conhecimentos de química foram fundamentais para a sua sobrevivência dado que lhe permitiram trabalhar no laboratório onde podia manter-se quente. Após a libertação do campo fica doente com escarlatina. Como todos os doentes é abandonado e fica no campo. Os outros prisioneiros não terão tanta sorte pois são evacuados pelas SS naquilo que ficou conhecido como a marcha da morte. É realmente fascinante o relato de Primo Levi. Com ele chegamos à conclusão descrita no título: se isto é um homem. Parece uma pergunta: será isto um homem? seremos nós homens os que estamos aqui prisioneiros? Não, a conclusão a que se chega é são meramente objectos. Usam-se quando têm algum tipo de utilidade, descartam-se quando já não são necessários. É terrível esta conclusão, é horrível ver ao que chegou a condição humana. E é perante estes factos que nos damos conta de quão insignificantes são os problemas a que damos tanta importância.
10 comentários:
Uma forma excelente de apresentar um livro fundamental. Parabéns!
Olá Luís,
Ora aqui está um livro que tenho bastante curiosidade em ler.
Já encomendei!
Tenho-o em casa para ler.
Acho que vou meter mãos à obra mais cedo do que pensava :)
Gostei muito da tua análise; acho que ganhamos um bom reforço para a equipa :)
Olá Luís,
Boa análise do livro, o tema é deveras interessante, eu já estive num campo de concentração e digo que é... muito emotivo uma experiência única.
Mas mesmo assim existem "pormenores" pós holocausto que nos passam ao lado por completo, se o momento foi trágico as gerações futuras ainda sofrem consequências desses momentos.
Bom dia a todos,
Obrigado pelos vossos comentários.
Quem decidir ler este livro de certeza que não se sentirá defraudado. Para além do interesse do tema em si temos um relato de uma objectividade e lucidez ímpares que nos marca profundamente.
Acho que daria uma excelente escolha para uma leitura conjunta.
Este livro reensinou-me a dar valor ao pão.
Li este livro há uns anos e fiquei impressionada com a forma como o autor descreve os acontecimentos do seu dia a dia.
Todos devíamos ler e reflectir sobre os nossos queixumes rotineiros e estarmos atentos para que algo como o Holocausto jamais volte a acontecer .
Um livro excelente, que nos ensina a dar valor às pequenas coisas da nossa vida.
Olá Luis,
Respeito à pergunta que colocas e respondes de imediato, penso que esta citação diz quase tudo: "a nossa personalidade é frágil, está muito mais ameaçada que a nossa vida”.
Enviar um comentário